Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

30.12.08

Sonhos

Eu tive um sonho maravilhoso essa noite; talvez a realização dos meus nele mesmo. Estava eu em um lugar, pela noite, quando uma menina - morena, com feições atraentes, perfeita - veio ao meu encontro. Estava passando mal. Ajudei-a, como de fato faria na realidade. Perguntei algumas coisas a ela, mas não o seu nome - ai, quanto arrependimento, se pudessemos mandar em nossos sonhos!. Levei-a até sua casa, onde despedimo-nos com um beijo. Sim, um beijo. Em sonho, visitei ela muitas vezes, fui tornando me íntimo da casa, dos pais, dos amigos, de seu círculo. Ela era a personificação da perfeição, meiga, tão reluzente, transpassava alegria. Em meio ao sonho, meu despertador toca. Quando acordo-me sinto raiva de mim mesmo por tê-lo coloca para chamar as 8 horas da manhã. Tem buscar o sonho novamente, sem sucesso. Ainda tento entender o porquê dos sonhos, que nos fazem voar e cair quando acordamos. Mas, o que vale são aqueles instantes, em que - mesmo na minha mente - encontrei a mulher da minha vida. Até mais, M.V.Barbosa
Eu havia dito que daria um tempo para o Antônio. Ando pensando em não dar esse tempo. Talvez eu tivesse perdido o ânimo de escrever sobre ele. Mas agora tudo isso foi embora. Que venham Antônio, Rogério e Clarissa novamente para a minha mente, e assim contarei a história dos três. Sem mais, M.V. Barbosa

29.12.08

Dias

Sabe aqueles dias loucos, em que parece que tudo mudou? Mas, de fato, tudo havia mudado. Eu é que não queria essa mudança toda. Ainda saem algumas palavras da minha boca que eu não quero mais pronunciar. Convidaram-me para uma festa que eu não posso recusar. Mas, se ela de fato ocorrer, como devo portar-me? Na retaguarda, anteposto aos outros convidados? Sim, serei um estranho no meio deles. Ou não. Alguns, meus futuros colegas, outros, amigos dos meus futuros colegas, o que fazem deles - agora - meus novos conhecidos. Assim os laços da amizade vão se tecendo, como se nós ampliassimos nossas vidas com eles. A amizade é nada mais que a projeção da própria vida no outro. É o alargamento dela com a mente alheia. Muitas vezes os problemas surgem e nossas mentes não conseguem esquece-los. Mas, lá estão eles, os amigos, que nos confortam e dizem palavras doces. Esses sim são os quais devemos depositar nossa confiança. Não aqueles que querem somente usar de nossos meios para avançar na vida. Novamente, tudo isso me lembra Machado. Será que eu ando lendo muito Quincas Borba? Esse livro começa a fazer tanto sentido para a minha vida que me pergunto porque não o li antes. Mas, amigos, a vida é uma caixinha de surpresa. Fico eu aqui, a espera dessa festa, tomara que ela venha, para limpar um pouco a minha mente e me colocar ao lado das pessoas que eu gosto. Até mais, M.V. Barbosa.

28.12.08

Lendo agora a confissão que fiz anteriormente, acho que errei. Escrever em primeira pessoa é bom. Mas, melhorar ainda, é abster-se. Há coisa melhor do que afastar a culpa de si mesmo? Ora, meus caros, é da natureza humana afastar do que é ruim. Mas, como sabemos, todos tem os seus critérios do que é ruim ou não. Aí é que mora o livre arbítrio.
Digo que escrever para ninguém ler porque não preocupo-me com as histórias que vou escrever. Quero ser um escritor sem sucesso, porque ele trás o pior dos sentimentos para um, a fama. Sentir-se famoso rebela a inspiraçao. Tudo vira tão comercial. "Eu vou escrever esse texto porque vai vender milhões". "Eu devo colocar-me de qual lado agora?". Ser escritor é ser imparcial. Crítica não é literatura, é indignação personificada.
Sou um paradoxo, disso eu sei. Mas minha velhice interna diz coisas que não posso negar. Sou um Rubião, idêntico. Será que Machado quis retratar-me? Ora, que pensamento louco. Dizem que livros são feitos para pessoas solitárias, mas há maior solidão do que a falta de cultura, de conhecimento, de persepção?
Digo que sou o Rubião porque em vários aspectos nos assemelhamos. Número um: ele ama que não o ama. E isso é terrível e não, ao mesmo tempo. Número dois: ele é enganado constantemente, e isso todos nós somos. Número três: ele tem amigos falsos e, meus caros, começem a olhar para os lados!
Breve estarei postando uma nova história, não que eu tenha abandonado Antônio, mas ele precisa de um tempo. Essa história que estou prestes a contar diz muito a respeito da vida cotidiana, de como somos de verdade. Espero poder agradar os que ainda lêem as linhas que aqui coloco, de forma com que consiga ainda chamar outras a ler minhas histórias. Que vocês gostem do que escrevo, mas que não me enautesão ou me transformem em Deus. Eu sou uma pessoa comum - talvez, nem tanto - que expressa o que sente por meio de metáforas. Isso é a verdadeira essência da literatura!
Abraços, M.V.Barbosa

21.11.08

Estranho

Deparo-me comigo mesmo e penso: como sou louco.
Mesmo que para ninguém, escrevo algumas palavras. É só ter mais uma experiência, mais um contato, que essa alma revigora.
Com pouca, ou muita, intensidade, escrevo meus sentimentos. Não gosto de escrever em terceira pessoa. Pra mim, escritor bom é aquele primeira pessoa, aquele que se insere no enredo. Envolver-se com a própria trama, projetar-se em uma personagem.
Vejo-me como um peixe fora d'àgua em meio aos meus amigos. Sou tão velho, tão pra trás; ou não. Talvez minha conversão a outro mundo signifique algo fora do comum, algo tão insolíto que não pode ser explicado.
As letras me tem de uma maneira louca. Acho que fico livre em meio a elas. Absortas, me respondem mais do que qualquer um. É uma estranha conversa com o ego. Elas correspondem um outro eu, uma alma cujo objetivo e expressar-se.
Reverberar-me é dizer várias vezes o meu nome, afirmar-me. Mas, mais ainda, escrever. Para ninguém, mas ainda sim escrever.

6.10.08

Why it have to be so hard? Why, if I'm saying the truth and you know it? ou already knew that I can't live without you. I won't bring you flowers, I will bring you just my heart. Accept or deny, just one look from you can satisfy.

5.10.08

Libertação

Eu acho que nunca pensei poder dizer que era liberto; livre de um sentimento tão ruim e vivendo um tão mais bonito. É bom ver que ela não ocupa mais todo o meu coração e que, sim, ELA - a que eu deveria sempre depositar o meu amor - me tem nas mãos. Diga sim e eu irei, diga não e eu nunca desistirei.

29.9.08

Feelings Inside Me

Feelings inside me, get my heart at this moment. Maybe I bring war, maybe I bring peace, I really don't know. I just wanna show you what I really can be. Place your body in this chair and read my words. As the time pass to me, I grew up, like everybody. But, as that time came old, I felt the need to be more than this I'm now. Something like wildness, tenderness and heart, tears in my eyes, a smile in the face to hide it, trying to explain to myself that I ain't blame about my problems. Yes, she is the matter, my big mistake. I gave my heart to someone that only can play with me. Ein mann für spiel, one man to play. But, God knows, I'm not the kind that plays. I'm diferent.
Sweet? Strong? Tough? Blame? Shamed? Glad? Complete? Rough? Weak? Out Standing? I really don't know. Everything I know is that I'm a man that don't wanna waste time with something that don't bring me nothing. You, you that are in my dreams, that hunt me in the night, that search for someone to play. You, devil.

24.9.08

Sobre o mundo

Bom, impressionado eu nunca fui - muito menos com as cosias absurdas que acontecem no nosso planeta. Entretanto, a inteligência da raça humana é surpreendente. Eletricidade, computadores, hidrelétricas, fábricas, rapidez, agilidade, comunicação. Ditadores, democracia, comida, navios e tanques, armas, bombas, guerras, paz, acordos, tratados, descobrimentos, avanços. Agora eu vejo o que Chaplin pensava de tudo isso. Estava eu a assistir TV - Tele Cine Cult - quando começou a passar um filme do Chaplin. Uma sátira a Segunda "Grande" Guerra. Chaplin fazia o papel de Hitler e de um judeu ao mesmo tempo. Sempre com reflexões muito profundas, ele critica esse expansionismo, não só europeu - alemão - , mas de todos os países. Ao final, Chaplin faz um discuros que impressiona. O filme é de 1940, mas fala exatamente sobre esse processo que passamos hoje em dia e que, desde o advento da eletricidade, viemos construindo. Um mundo mais distante, sem contato pessoal, onde as dimensões globais não existem. Onde conversar virou um bater de teclas, onde tudo é compartilhado. Fico me perguntando se vamos parar, se existe limite para a evolução. Segundo a biologia sim, segundo a história, jamais. Na verdade, não vivemos um processo evolutivo, mas sim um processo de mutação - que não é necessariamente uma mudança boa. Vivemos um processo de qualificação de nossos egos, de introspecção e rejeição ao ufanismo - principalmente no Brasil. Onde foram parar certos valores que tínhamos antes? Onde foi parar o respeito pela vida? As guerras antigas eram tão mais justas, tão mais concretas, tão mais cheias de coragem, vivacidade, sagacidade e ousadia. Os gregos acreditavam que a guerra sem espada era uma guerra covarde, pois impede o combate cara a cara. E não é que eles estavam certos?
Existirá um fim para tudo isso? Existirá um limite que podemos alcançar? Um patamar que vai nos fazer parar? Ah, meu amigos, o preço pela inteligência é tão caro, pois com ela vem a cobiça e a arrogância, a prepotência e violência. Com ela, um homem torna-se cão.

6.9.08

Rogério - Capítulo 02

Ele enche o peito, uma tentativa de buscar coragem. E ela vem com muito esforço, após alguns minutos. Percebe que suas mãos estão se aproximando da porta e bate. Alguns segundos depois a porta é aberta por uma mulher muito elegante, vestindo um belo vestido azul, com alguns brilhos – algo bem americano diria um estilista – maquiagem apropriada para o dia. Eram onze da manhã, o que explicaria um almoço. Novamente, busca ar e fala:
- Bom dia Clarissa, como vais?
- Rogério, quanto tempo! Eu estou bem. Mas, vamos entrando, por favor.
Ele entra e logo busca o sofá. Conhece bem a casa, de todos os encontros, reuniões, festas e jantares que tivera ali. Tudo parece muito familiar para ele.
- Mas, e então, o que o trás aqui? interpela Clarissa.
- Bom, como tu já sabes, faz alguns anos que não venho aqui. Tudo em razão do desaparecimento dele.
- Vieste aqui falar de Antônio?
- Sim, e por um motivo muito especial.
- Rogério, não me leve a mal, mas já faz tanto tempo. Eu ainda não me perdoei, não sei porque fiz tudo aquilo...
- Clarissa, tenha calma. Não vim julgá-la, muito menos culpá-la. Vim trazer-te notícias.
- Dele?
- Sim. Tu não vais acreditar.
E começa o relato do dia anterior. Aos poucos vai encorajando Clarissa. Fazendo com que ela perceba como o ex-marido precisa dela e dele. Rogério sabe que é muito importante para Clarissa o bem estar de Antônio. Sabe que antes de tudo, Clarissa quer ver Antônio de volta a universidade, recobrado de seu juízo, limpo e alimentado. Chegado o meio-dia Clarissa faz um convite:
- Queres vir almoçar comigo? Estou desacompanhada naquele almoço da psicologia. Não quero ir sozinha.
- Mas eu nem estou arrumado.
- Como não? Tu estás sempre bem arrumado Rogério. Vamos, pares de fazer-te de rogado.
- Está bem, vamos.
E vão os dois ao almoço da turma de psicologia de 1981. Uma comemoração aos cinco anos dos formados.

Rogério - Capítulo 01

E como se fosse fácil, ele correu. Correu não por ter medo, sim por ter pena e compreender o sofrimento do professor. Ele precisava fazer alguma coisa, sentia isso a todo momento. Quem sabe procurarAntônio agora, sem pestanejar, falar-lhe sobre a mulher, a casa, o amante da mulher, a situação real. Pensa, e acha mais conveniente falar com Clarissa.
Ao acordar, lembra-se de sua tarefa árdua e prepara-se. Quer estar disposto a fazer tudo pelo seu melhor amigo - desaparacido a quatro anos e reencontrado de uma forma inesperada. Saí, levando consigo um endereço. Precisa pegar o trem, uns trinta minutos e tudo estaria resolvido.Mas o destino é cruel como o mar é para com os pescadores. No caminho, reflete sobre a amizade de doutrora, em um amor fraternal sem precendentes, em um afeto, carinho, admiração e respeito que ninguém jamais poderia ter para com Antônio. Por que não pedir auxílio ao seu amigo? Por que não perguntar a ele se exitiria algo a fazer? Talvez uma, duas semanas, no maxímo um mês. Mas não, o professor preferiu correr, feito um desvairado, quase como se não tivesse razão ou sentidos. E ele os tinha de sobra. Uma virtuosidade, um vontade de saber, jorrando conhecimento para quem passasse ao seu lado. Esse era Antônio Rodeau, um professor universitário - nem tão jovem, nem tão velho - que fora traído, humilhado pelo primo - e grande "amigo" - que decidira fugir para virar mendigo. Mas como sobrevivera? Como comera, se alimentara, se vestira? Entretanto, lembra-se Rogério do maior dom do mestre: falar.
Quarenta e cinco minutos depois - já em uma outra cidade - Rogério procura com esmero o endereço. Quinze minutos são suficientes. E lá vai ele bater à porta de Clarissa.

5.9.08

Antônio - Capítulo 05

Um novo dia começa e Antônio sabe que nada seria mais o menos.
Rogério Goldstein, há quanto tempo será? Cinco anos? Talvez quatro. Lembra-se do jovem estudente, mente pulsante que procurava o saber em tudo. Era um rapaz simples, entretanto com um leve tom arrogante - próprio dos mais providos de cultura. Ele criara um forte vínculo com Antônio, sendo um de seus melhores alunos e amigos. Foi quem o apoiou na decisão de sair de casa. Mas Antônio sente que fora perverso para com ele. Jamais poderia ter sumido sem avisar este rapaz. Quem sabe pedir refúgio, um abrigo, um ombro amigo com fez Estevão de Machado. E como Estevão de Machado, Rogério era Luís Alves.
Clarissa sempre fora a mulher perfeita - quase como uma mulher endeusada pelo romantismo - e a sua mulher perfeita. Antônio sempre pensava em como tinha sorte de ter uma mulher daquelas. Até saber de toda a verdade. Antônio era professor universitário, doutorado em História. Tinha pouco tempo para a sua vida pessoal, pois era um professor de renome. Ao passo de 9 anos casados, ele decide tirar férias sem dizer a mulher - o que ele podia se dar ao luxo pelo seu renome e pela sua remuneração. Acabado o dia de trabalho, Antônio retorna à sua casa com os pensamentos da viajem. Europa, Paris, talvez Berlim e Zurique. Já dispensado, no outro dia saí à procura de uma agência de viajens. Comprados os pacotes, ele volta para casa. Chegando em casa, mais cedo e sem ser esperado, Antônio encontra sua esposa nos braços de Vitor, seu primo. Ele comprime todos os seus sentimentos e pensa no que vale a pena ou não. Corre, foge, vai as ruas refletir o que fazer. E pensa muito.

25.7.08

Como se fosse fácil

Ai, a minha vida toda eu procurei algo
Procurei um propósito, um rumo
Uma inspiração e, finalmente, eu achei

Achei o que tanto procurava
Mas é intocável, é impossível possuí-la por completo
Se ao menos eu soubesse que ela também queria me possuir

Ah, dulce vita, vita mia, te prego, livrame
Liberta-me de tudo isso
Ou responda-me

Ela me quer tanto quanto eu a quero?
Ela me ama tanto quanto eu a amo?
Ela me espera tanto quanto eu a espero?

Eu estou no fond d'le tang, no fundo do poço
Esperando por ela, esperando
E quanto mais eu grito, mais me afogo em lágrimas

Lágrimas que abastecem meu viver
Lágrimas que não podem ser enxugadas
Lágrimas que enxem o meu oceano

E navegar no mesmo parece-me impossível
E mesmo assim, cruzarei-te-ei em busca dela
Em busca da mulher que não sei se me quer

Te prego, duve sei, te prego, duve sei
Vita mia, te prego, duve sei, duve ella?
Duve, duve, duve sei?

24.7.08

Antônio - Capítulo 04

Neste mesmo instante Antônio congela. Leva um banho de água fria. E a fala fica ecoando em sua cabeça. "Professor Rodeau?". Mil vezes essa frase se repete em sua cabeça. Calmamente, Antônio volta a caminhar. E é acometido por um novo chamado.
- Professor Rodeau, sou eu, Rogério, Rogério Goldstein, teu ex-aluno. Lembra da minha tese sobre o domínio francês na Inglaterra?
- Amigo, não sei quem vem a ser Professor Rodeau, muito menos vossa senhoria.
- Ah, viu, não perdeste nem a mania de usar a segunda pessoa do plural.
- Ora, porque uma pessoa usa a segunda pessoa do plural não quer dizer que ela seja outra pessoa.
- Professor, eu fiquei sabendo do seu desaparecimento, de tudo o que aconteceu. Eu achei uma trágedia realmente. Sua mulher, quanto coragem Professor...
- Ok, vós vencestes, queres briga, então vais ter.
- Não, que isso professor.
Antônio fecha os punhos, em sinal de briga. Prepara-se para armar a guarda, mas seu oponente corre. Mas ele se fecha em uma profunda contemplação do que fizera e bate em sua própria face. Pergunta-se se fizera o que era certo.
Volta em direção ao bar. Os trocados ainda estavam ali em seu bolso. E eles logo se vão.

Antônio - Capítulo 03

Mais uma vez, Antônio é acordado por um guarda. Desta vez dá um bom dia caloroso ao oficial, que retribui o gesto. E ele pensa agora em como a vida poderia ser mais fácil e alegre, com um humor pleno e sereno, independente de nada. O humor, mas - acima de tudo - o bom humor.
Caminha agora pela escada a Igreja. É sexta-feira, missa só às 18:00hrs. Ele pensa sobre como Deus foi personificado e nos cultos aos santos. Pensa no poder de expansionismo do homem e em suas virtudes esquecidas. Pensa no clero do século XV e relembra do Império Bizantino. Ah, os ortodoxos. Logo lhe vem em mente a Rússia, o Kremilin, o mundo dos eslavos e tudo mais. Quanto uma ação pode mudar rumos. Lhe vem a mente também os irmãos Orloff e a Rainha, toda a conspiração, e com os Orloff lhe vem a mente a vodka. Os prazeres do álcool, a perdição de um homem.
Senta-se contemplativo nos degraus bem lavados da Igreja e revive momentos de outrora. A barba bem feita, o cabelo cortado, um terno bem alinhado, sua esposa - Clarissa - e sua vida já mudada. Novamente se vê pensando em Clarissa e isso o remete a Marco Antônio, Júlio César e Cleóprata. O Império Romano e sua opulência devastadora. Lembra-se também de Tomás Morus e a Utopia. Os fundamentos do socialismo moderno.
Levanta-se e caminha pelas ruas paralelas a Igreja. E cada vez que pronuncia Igreja lembra de eclessia, a assembléia. Caminha em passos curtos, sem pressa, como se flutuasse.
De repente, ouve uma voz:
- Professor Rodeau?

23.7.08

Ah, teus olhos

Tu me fizeste pensar em coisas que nunca pensei
Tu me fizeste tentar entender algo ininteligivel
Tu me fizeste aprender a medir o tempo
E querer que ele nunca passe

E como se fosse fácil, eu me peguei aqui
Escrevendo, letras e palavras, com carinho
Com amor, com desejo
Palavras, fulgases palavras

Ter-te é uma questão de honra
Entender-te, mais ainda
Tuas qualidades já conheço
Jogadora, até com o meu coração jogas

E me pergunto, é possível?
Não sei, tudo depende de ti
Então, te pergunto, é possível?
Quisera eu saber essa resposta

E asssim enteder o brilho do teu olhar
O teu sorriso, teus lábios, tua boca
Teu corpo, teu jeito, teu andar
Tua fala e teus gestos

Será possível? Já não sei

Das Conclusões

E se não fosse o tempo o dono da verdade
Quem mais seria, senão eu mesmo
Dono do meu tempo, do meu destino
Dono de mim, dono do meu nariz

Quisera eu saber sobre tudo
Sobre mares e florestas
Sobre rios e campos
Sobre corações e rostos

Quisera eu ser o mestre da razão
O senhor do universo
A relíquia maior
O bem maior

Mas, quisera eu realmente ser tudo isso?
Seria possível consilhar tudo isso ao teu amor?
Oh, impassível de erros somos nós, amantes
Filhos rebentos dessa mãe desgarrada

Afrodite, Vênus, Gaia
Todas vocês, me ajudem
Até mesmo Artemis, o mais inútil
Poderá salvar-me do fim, inevititável

Quisera eu saber sobre tudo
Sobre as coisas incompreensiveis, sobre Deus e o Mundo
Quisera eu saber te amar
Quisera eu saber escolher as palavras

Ainda sim, quando eu souber,
Quisera eu ter-te em meus braços
Sorrir alegrimente e perdir-te um beijo
Ludibrioso, meticuloso, delicioso, intragável

Quisera eu ter-te em meus braços
Apertar-te forte e perdir-te um beijo
Quisera eu entender quando grande é esse sentimento
E como ele se manifesta, nefasto, sobre meu coração

Quisera eu receber de bom grado
Sem mais rodeios, toda essa ilusão
E cair-me em profunda agônia, sem mais demagogia
Nessa doce canção

Quisera eu amar-te, piamente
Friamente, espontêneamente
Quisera eu amar-te assim
Com um beija-flor ama um jasmim

Antônio - Capítulo 02

E mais uma noite chega. Antônio procura seu bar de costume, próximo ao centro da cidade. Lá gasta a maior parte do dinheiro que acabara de ganhar. Relembra agora de Ana Bolena, Henrique e Catarina, a velha história da Igreja Anglicana. Como a vontande de um homem podia mudar as coisas antes. Mas a democracia mudara tudo, e hoje a vontade de um nada vale, mas sim a vontade da maioria.
Sai do bar aos passos largos, procurando auxílio nas barracas de camelô que ali se encontram. Busca seu fiel escudeiro, o banco. Acha-o defronte a praça, seu atual lar. Bem diferente de tempos remotos. Os cachorros o aguardam, quase num rital de espera. Quanto senta, sente o calor dos mesmos, o envolvendo e esquentando. A ausência de um cobertor o faz aceitar os afagos caninos. Deita agora e olha para a Igreja. Novamente lhe vem a imagem de Henrique VIII e sua poderosa Igreja Anglicana, como aquilo tudo iria mudar a própria estrutura da Igreja Católica. E, pensando em Henrique, lembra-se do motivo - o divórcio - e lembra-se de si mesmo. Tudo que abandonara.
Por quê? É o que se questiona agora. Por que deixar para trás tudo que construira e viver assim? Ora, meu caro, é mais simples do que parece. É melhor ser amigo de cães do que de putrifos. Ao menos eles são sinceros.

22.7.08

Antônio - Capítulo 01

E naquele banco de praça Antônio via tudo. A loja de móveis, o banco, a Igreja, a estação de trem, o pipoqueiro e os cachorros - esses, seus melhores amigos.
Era junho de 1986, uma típica manhã de inverno. Ele havia acoradado como sempre, com um policial. A cidade se enchera de fitas verde e amarelo. Mal sabiam eles o que os esperava. Antônio contemplava agora uma lixeira, provavelmente seu café da manhã. Vestia roupas largas, uma barba mal feita e a vontade de viver. Essa nunca o abandonou, nem nos piores momentos.
Após uma breve busca dentro da lixeira, encontra uma lata de refrigerante e dois pães - embolorados - mas pães, o que era um luxo. Come vorazmente, se é que voraz é um jeito de comer. Não se precoupa com o depois, come os dois pães de uma vez só.
Encaminha-se para a passarela, onde senta-se defronte a uma barraca de churrasquinho. Na barraca está Jandir, velho conhecido, um gaúcho da fronteira, com o sutaque mais puxado que Antônio já vira.
- Ah, meu guri, como estas? Pensas no quê hoje? indaga Jandir.
- Sóis vós Jandir quem me cumprimentas, é ótimo ouvir tua voz. Hoje podemos falar, vejamos... Da inflação.
- Ah Antônio, essa ainda me quebra! Não quero nem saber o que virá depois disso. Já diz o ditado, depois da tormenta vem a calmaria, mas nós dois sabemos que não é bem assim.
- Estás certo tanto como a chuva cai de pé e corre deitada. Há muito o que fazer para controlar essa maldita!
E assim o papo vai indo, entre multidões avoadas. Chegado o meio-dia, Antônio recebe um churrasquinho de Jandir. Essa comodidade ainda iria trazer muitos benefícios a ele.
Mas, é chegada a hora do serviço. Antônio pega um caixote que se encontra dentre os destroços de uma feira e sobe sobre o mesmo. Discursa agora sobre o tempo e sua relatividade. Logo, as pessoas se aglomeram.
Ao fim do falatório, passa seu caixote por elas e confere. O dia fora bom.

Amor

É amigos, faz 3 meses que não escrevo, entretanto o tempo é o mestre da compreensão e do amadurecimento e - afinal - ele chega para todos. E é chegada a hora de eu escrever sobre algo que me intriga muito: o amor.
É ele o senhor da desavença, da discordia, da loucura. É ele quem nos possui de súbito, sem perguntar, sem questionar o porquê. É ele quem nos faz desafiar as leis que regem o universo, e as leis que regem a natureza.
Um látifundio de incoerência, melhor dizendo. Uma grande propriedade onde nada tem fundamento além do puro e simples - ou será complexo demais - sentimento. É o coração a morada dele.
Somos racionais, disso não tenho dúvida. Entretanto, quando amamos, parecemos tão bobos, tão idiotas, tão eloqüentes que me pergunto: seriamos nós feitos de amor? Ah, e ele pode ser tão destruidor, um fogo que queima sem ser sentido. Um fogo que alastra-se pelos corredos mal iluminados do coração, um fogo que consome o pensamento, sem mais deixas para a racionalidade.
É fato, quem ama, quer. Quem ama, sente. Quem ama, vive. Sem ele seríamos tão sem graça, sem charme, sem - digamos - amor. Ele é vital, indiscutivel e impassível de erro. Sim, meus caros, nunca erramos no amor, pois ele não é uma ciência, e sim um vício - incontrolável, diga-se de passagem- mortal como um veneno, que mata aos poucos.
Termino dizendo que, quando amamos, somos completos idiotas. Gregos eram fundamentados em um amor maior, um amor além do carnal, um amor capaz de coisas utópicas. E, vamos pensar, o amor nada mais é que uma megalomania de nossa alma.

23.4.08

O Estado

A culpa nunca é da atual administração, não é verdade?

Voltemos a Grécia para entender o que é o Estado. No começo eram só genos, que evoluíram e passaram a se chamar fratrias; posteriormente crescendo e formando as tribos, que deram origem as cidades-estado. Paremos por aqui, nas cidades-estado.
São elas as responsáveis por tudo o que entedendemos sobre república e poder público - Estado, legisladores, senadores, ordem e manutenção da segurança, etc - e por adotarmos esse modelo. Drácon, Sólon e Clistenes, seguido de Perícles, foram os fundadores da democracia.
Demos = povo e Cracia = poder. Vamos entender a diferença. Em Esparta, por exemplo, no mesmo período, vivia-se uma monarquia, ou diarquia; mono = um e arquia vem de cracia. Pois bem, o governo é do povo, o povo o escolhe. Entretanto, porque reclamam tanto e porque tudo o que acontece é culpa do governo?
Acreditem se quiser, até fenômenos naturais, como chuvas, são motivo para reclamar do poder público. Isso acontece porque somos acostumados a jogar a culpa para o outro, e não admitir que somos errados também.
Quando entendermos que o Estado é algo maior criado para nos auxiliar e que a corrupção sempre existirá iremos compreender as coisas boas que ele nos proporciona.
Paremos de achar tudo ruim e olhemos para as coisas boas. Observemos que ele nos mantém protegidos e bem cuidados, sob sua polícia e sobre sua vigia. Com os seus impostos, ele nos traz coisas muito boas, como estradas bem conservadas e com fiscalização.
Agora que você deve estar dizendo: mas que cara idiota. Pense comigo.
O Brasil foi construído por mentirosos e desonestos. A minha opnião de nada vale. E acredite, tudo o que eu falei é pura mentira.
Ou alguém pensou que era verdade?


19.4.08

O mundo da música

Foram-se os bons tempos

"Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, calma calma foguentinha".
O que fazer com um psedoucompositor desse? Onde meter a cabeça, que buraco cavar? De que tamanho? Quão grande deve ser, 1km de profundidade deve estar bom.
Vivemos em um mundo idiota, não podemos negar. O que é bizarro faz sucesso, o que é escroto vira admirável. Como podemos?
Edson tentaria suicídio se soubesse que seu cilindro originou os aparelhos de CD, e que eles estão tocando tanta besteira.
E olha que temos o que falar, temos sobre o que compor. Tanta desigualdade, tanta desgraça, tanto sofrimento. Entretanto, tanto desenvolvimento, tanta alegria, tanta interação, tanta cultura. Por que pornografia?
Fácil, muito fácil. Segundo: vende que é uma beleza.
Eu fico imaginando: o que John Lenon faria se escutasse = "Eu puxo o seu cabelo, faço o que você gosta, dô tapa na bundinha, vou de frente, vou de costa" ou o que faria Vinícius de Moraes com "Creu, creuuuuuuuuuuuuu".
Algumas vezes tenho vontade de ser surdo, para não ter que escutar certas coisas.
Mas, já diria uma velha cega em frente a uma igreja, lambendo sabão: "Gosto é gosto, não se discute".

Os demônios da televisão

A mídia e sua influência

Dificilmente você não escutou sobre o caso Isabela. É, esse mesmo, o da menina atirada pelo pai do sexto andar.
Volte um parágrafo e me diga se há alguma informação subentendida. Se você é uma pessoa consciente, deve ter percebido a informação "pelo pai". Se você é daqueles sensacionalistas, nem deve ter reparado, já devia ter essa opnião mesmo.
Não se culpe por isso, pois a culpa não é sua. A culpa é toda nossa, do nosso comodismo em aceitar opiniões alheias tão fáceis. Opiniões moldadas para nos convencer de uma idéia qualquer.
Obeserve que, nem bem o caso havia sido esclarecido, a mídia já tinha condenado os pais da criança. Apelação social, é assim que eu chamo esse tipo de atitude. Tudo isso vende muito mais. O jornal mais bem informado do caso é o mais assistido. As pessoas cogitam idéias, hipotéses; gastam um tempo que não gastariam com outra coisa - uma ação social, por exemplo, doar sangue - falam a todo o momento no mesmo assunto.
Por quê? Não deveríamos estar preocupados com o futuro das nossas crianças? Com a vida dos pobres e desabrigados? Mas, talvez, eu tenha a resposta. Isso acontece porque é mais fácil apertar o botão de "Power" da televisão do que se levantar e ir visitar um asilo. Porque é mais fácil falar do que agir; porque é mais simples julgar do que perdoar.
Lembrem-se disso: jornais, revistas, programas; todos eles estão mais preocupados em ganhar dinheiro do que ter responsabilidade social.
Antigamente, assitia de tudo. Hoje, prefiro ficar no Orkut a ser dominado por esta máquina.

O que você acha do meu blog?