Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

21.7.09

Moonwalk - Let me Live

Ah, se as palavras pudessem conter todos os sentidos que o meu coração atribui a esse amor. Entretanto, mero instrumento revelador de verdades subjetivas, minhas mãos já passeiam por esse campo imenso e vazio que é a escrita; sim, vazia de um completo esquecimento dos olhares atentos, das vidas pulsantes, nada além de imaginação. Ao contrário do que sinto, a escrita é meramente imaginária, fictícia, longínqua; só pode ser verossímil, então busca a objetividade de uma verdade una e materna. Mas ela já não existe para os "porquês" de uma sociedade vil e displicente, irredutível e complacente, instrumento alheio de subversão às minorias. Ela quer falar mais alto que a alma, e que o coração, e que a mente, e que todos os outros sentidos corpóreos. Um impasse, uma vírgula, uma cautela a mais, uma regra que desmancha o pensamento linear. A língua não necessita disso. Preocupados com "onde" e "aonde", com "agas" e acentos, somos reduzidos a meros reprodutores de uma "pseudoverdade", que nos foi passada por outra geração acabada pelos mistérios infinitos das regularidades lingüísticas. Já não me importo mais com tanta coisa; o amor completou agora os espaços que faltavam para a minha inteligência. Se ainda procuro algo, é uma maneira de fazer alguém que me ama feliz, o máximo possível. Já não procuro erros nas falas alheias, minha mente já não vasculha mais cada parágrafo escrito em busca de uma eloqüência, de um deslize. Afinal, somos seres humanos; construímos nossa base no erro. E errar é uma conseqüência da tentativa, que é muito importante para o sucesso. As relações infinitas que temos, as palavras ditas, os olhares, os carinhos, os toques, as promiscuidades, as carícias, todas elas tentam resumir a nossa vivacidade, a inteligência de apenas viver, isso que temos que agarrar com a maior força. Mas não: seguimos preocupados em olhar para o mundo em nossa volta, seguimos preocupados em continuar com uma comparação infinita, do fulano e do ciclano, da beltrana e do beltrano. É muito provável que morramos com o desejo, ainda que inconsciente, de sermos o outro, de nos transportarmos e ocuparmos um corpo, de ter um desejo, de degustarmos prazeres que não nos foram concedidos - ou, em uma busca ensandecida, não percebemos que teríamos tudo aquilo.
E eu tive um sonho; talvez um que tenha envolvido meus medos, minhas angústias, que agora já não se encontram presentes. Nele, um amigo, monstros, medo, choro, uma pirâmide. E já não sei o que pensar. Talvez Michael Jackson pudesse me dizer: "'Cause this is Thriller, Thriller Night", e eu acordaria com "a touch of a hand, at the midnight hour, close to your death". Já não vivo aterrorizado por um Deus impiedoso e fugaz; reduzi minha existência a minha sagacidade.

19.7.09

The Greatest Love of All

Sabes que, às vezes, invejo a destreza que o classificador de músicas no modo aleatório do Windows Media Player tem. É incrivél, acho que ele lê o meu coração. Abri, dei o play e a primeira música que toca depois de um lindo fim de semana é: The Greatest Love of All, Whitney Houston. Essa música é linda, além de traduzir tudo o que estou sentindo. É como se um novo sangue estivesse correndo em minha veias; como se tudo fosse novo e velho, ao mesmo tempo. Os momentos não retornam, nem as sensações. Mas amar é viver uma eterna nostalgia, ainda mais quando tu podes sentir um abraço forte e quente, quando tu podes dançar enlouquecidamente com alguém que te completa, que sabe o que tu sentes em um olhar. E amar é assim, um jogo de bodyguards, de guarda-costas, um do outro, como se o amor estivesse em perigo o tempo todo. Mas já não sinto esse medo. Pela expressão, pela respiração, pelo toque, pelo teu beijo, eu sei que não te perderei; não agora, que posso dizer que encontrei a felicidade que tanto buscava. E a música não sai da minha cabeça: 'Cause I found, the greatest love of all, it's happening to me. It's really happening.

23.6.09

Um amor impossível - John e Edward

Maio de 1881, Westland, Inglaterra

Naquela manhã Harris acordara tarde; mais tarde do seu habitual horário. O sol já estava pleno, em um verão quente e seco. O calor era intenso, o que fazia com que ele se prolongasse na cama. Ele se vira para o lado, procurando a esposa; não a encontra. Levanta-se então, a procura de Rose; queria entender porque ela não o acordara. Ao sair de seu quarto, passa pela porta do quarto do pequeno John; seus olhos estavam serrados, sua respiração plena, um sono profundo, um sono acalmador e prazerosos. O olhar de admiração de Harris para o seu filho é como o sol que entra pela janela naquela manhã, radiante e confiante; como se estivesse dizendo: "que belo trabalho nós dois fizemos Rose". E, com isso, volta a memória a sua esposa, a gemitora de sua maior preciosidade. Desce as escadas com calma, mirando a cozinha. Passa pela sala, onde nenhum vestígio da passagem da sua mulher se apresentava - Rose era muito organizada, ao contrário de Harris e do pequeno John. Ele sente um calafrio, um arrepio inominável, como se tudo estivesse se ensaiando para uma coisa terrível. Suas pupilas correm a sala de lado a lado; seus pés descalços vacilam entre o medo e a coragem, entra a angústia e o sonho. Adentra então, finalmente, a cozinha. Ali, observa os tocos de madeiras prontos para serem colocados no forno. As panelas prontas para serem usadas pelas belas mãos de Rose. Ele corre o olhar pela cozinha e, nos pés do armário, observa um corpo caído. Os cabelos negros são inconfundíveis; era Rose. Com os braços estirrados, os olhos abertos, sem nenhum movimento, Rose está deitada no chão da cozinha, com um pote nas mãos. Seu olhar é tão vago que tira todos os sentimentos de Harris - que agora avança com coragem, com destreza até o armário, levanta a esposa, que ali jaz já sem vida. Harris não sabe o que fazer; grita então por socorro. Seu grito acorda o pequeno John, que agora desce as escadas, com uma rapidez incrível. As lágrimas nos seus olhos não são de tristeza, mas de uma incontável manha, própria das crianças de três anos. Harris larga a mulher e corre ao encontro do filho. O pega nos braços e corre, infinitamente, até a casa do doutor Clarson. Bate na porta, é recebido pela sua mulher, Mrs. Clarson, que o informa que ele já fora para o consultório. Harris então lembra do amigo, James, e não exita em chamar. James o olha com curiosidade, e o olhar vai se alternando ao reparar no choro de Harris; a curiosidade se dissipa, vai dando espaço a compaixão, e os dois se entreolham: o sofrimente estampado na cara de Harris diz tudo para James. A vida havia acabado para Rose. A tempo ela reclamara de dores no coração, mas sempre que James dizia para consultar o doutor Clarson ela respondia a mesma coisa: deve ser cansaço. Agora soubera que as dores eram mais do que isso; as dores de cansaço haviam tirado Rose de seu melhor amigo.

19.6.09

Was? Ah, ich kann nicht glauben!

Qual o verdadeiro sentido das palavras?
Existe sentido verdadeiro para as palavras?
O que é verdadeiramente verdadeiro?

A VERDADE NÃO EXISTE, ou só existe na presença do seu antônimo - que para os gregos não era a mentira, mas sim a falta de coerrência - e para nós transformou-se na mentira. Observe o quão subjetivo se tornou esse substantivo. Não procuro a verdade, mas sim plausibilidade.

A vida é feita de hipóteses; a única coisa que posso dizer é que os erros - assim com todos os seres humanos eu erro, e erro feio - não foram superiores aos meus acertos. Aliás, conceitos e substantivos esses também carregados demais de subjetividade. Cada ego atrela a eles um sentido; portanto, seja misericordioso para com os que erram, pois os erros deles podem ser os acertos que os mesmos julgam estar de acordo com a sua realidade.

E mais ainda, relembrem o sentido de amar, o sentido das palavras fraternas e acalmantes, aquelas que salvam e destroem, ao mesmo tempo.

Sem mais o que dizer, mes dedos cansados vão retornar a vida comum.

M.V.B Bayer Unterreicht.

18.6.09

O baile de mascáras - Entre o ego e a sociedade

Ontem meu professor veio até mim e disse: "E então, vamos trabalhar com pesquisa?" E, naquele instante, eu me dei conta do que estava acontecendo. Minha vida, agora cada vez mais atribulada e contundente, estava entrando em um novo momento, em uma nova fase - de campos ainda poucos explorados, mas como se eu fosse nativo de onde eu estava indo me meter - em uma nova ordem para a minha própria vida. Mas essa ordem não fora dada diretamente por mim, mas pelas intenções e subjetividades alheias - seja do meu professor de Ensino Médio de História, seja pelo Professor Doutor da Universidade na qual estudo - elas foram me empurrando - assim como a minha vontade e dedicação ao trabalho de pesquisa - para isso tudo. Meus dedos quase escrevem sozinhos, num frenesi que não posso controlar. E, para variar um pouco, minha vida acadêmica vai indo de vento em poupa, enquanto o meu coração permanece inerte e inerente a tudo o que é externo. Blindado por um manto, que ouso chamar de amor, esse mesmo coração chora, mas é para si mesmo, e nunca mostra a sua verdadeira face; talvez por elementos indireitos da vida acadêmica, talvez por elementos direitos de um puro cinismo descarrado. Minhas lamúrias já são habituais desse meio em que escrevo; portanto, não se zanguem ao verem minhas lágrimas contidas em páginas, das quais a uns dias revolvo minha solidão e falta de compaixão para comigo mesmo. Mas, a pesquisa me parece maravilhosa - minha cabeça ocupada com algo produtivo, não somente com lamentações e provações da insuficiência de uma conquista; o império está decaindo - tendo em vista que devo ler, analisar, discutir, refletir, e tudo mais que envolve um processo cognitivo e de formação a um univesitário. A História - e as suas teorias, em especial - me captam cada vez mais. Já não me preocupo com cronologias e ditos "fatos históricos" - e assim, seus respectivos "personagens", protagonistas "da real história da humanidade" - mas sim com os processos envolvidos em suas percepções e análises. A analogia pode parecer enfadonha, e até mesmo discrente, insuficiente; mas não a instrumento melhor de formação indivual e progressiva para uma mente. A apreciação, ou até mesmo sua acarriação, é algo que deve ser preservado e estimulado, incentivado pelos meios acadêmicos e escolares.
Mas, minhas ideias servem para uma sociedade que presa o respeito - e não pelo colóquio da "gente" que tanto utilizam - descrita tanto em partes por Tomas Morus ou por Albert Jacquard - ambos homens de respeito, de épocas diferentes, com um pensamento muito parecido. É óbvio que viver na transparência - ou seja, expressar o verdadeiro eu e suas respectivas vontades, ações, etc - é impossível, pois os limites alheios são diferentes dos indivíduais; a vida torna-se um emaranhado de laçoes que traçamos durante seu percurso - talvez a ideia de Comte, sobre as relações da sociedade - mas não podemos viver única e exclusivamente para o outro. O ego, então, assume uma forma de expressão individual para o meio correspondente a sua realidade. E não é de hoje que o meio dita as "regras do jogo", esse baile de mascáras no qual todos nós vivemos. Mas, se o baile de mascáras se transpõem para o nosso coração e para a nossa mente, isso sim é uma problemática. Ele deve ficar nesse lindo e belo salão que é a nossa vida pública. Nunca uma festa privativa.

14.6.09

Nos teus dedos; minha vida; letras perdidas; tempo impiedoso

E se essas palavras que agora te confessam foram somente lidas em um passado remoto, que já não mais pertence ao tempo, mas sim a um futuro que só cabe na minha imaginação? E então elas terão um valor tão vil que nem mesmo eu poderia contê-las. Mas por que elas me perseguem assim, de uma forma tão sucinta e profunda?

E a paixão? Onde foram parar todas aquelas juras, todas aquelas rimas? Onde se escondem as palavras que te escrevi, as mentiras que contei?

Mas o que me pergunto, nesse momento, é somente uma coisa: Voulez-vous? Quem é você? E, mais ainda, seria uma representação real da perfeição feminina? Ora, minha cara, não pense que meus dedos servem somente para passar as páginas de um texto weberiano, onde estátisticas e teorias, utopias e frases são escritas. Ele servem para dizer o quanto minha alma sangra; e ainda mais quando vê como tu lidas com tudo isso.

Minhas letras agora, juntas, em uma redona que não pode ser destruída, resumem a vida de um pobre menino, de uma criança de olhos verdes, cabelos castanhos, que sabe o valor das palavras, tanto ditas como escritas. Entretanto, habilidoso, ele brinca com o fogo dos parágrafos, com as chamas das ilusões da escrita, que um dia representaram um amor verdadeiro. Agora, nada mais do que um joguete falso, promiscuo e renunciante das liberdades perdidas.

"I cannot tell how much I feel this pain; but you have to know it, somehow."

M.V.B Bayer Untereicht

13.6.09

Games and Feelings

Holdin' back the time
I've pass without all this pain
My insecures are so clear
Showing my face to someone
That don't know what it means

Is it so hard to understand?
Two hearts fallin' on
Is it so hard to complain?
I'm tryin' not to know it

The score is easy to see
Run by this beach and look the sea
Feelings are strangers
Love is a danger
Don't you fall another time
You're so bright

Shine a light to my heart
Show some love, where is above?

Flyin' so high
I'm a toy to these games

These game you've gave to me

12.6.09

Never Being In The Highway Of Fools

There's a highway
Called Fool's Road
Where the blue man turns up
And the black sheap boy
Turnin' right to man

At this mad and bad world
Where the fools have a place
And the right's man don't say a word
They really know what is grace

Is it a lie?
Or anything that they hide?
When will I know it?

Standin' alone, out of the game
Playin' no rules, facin' the same
Again and again, over and over
Life is here, leavin' devotion

One hand to give, another to keep
Whatever you bring to me
Whatever you say

How will I know it?
Is it true?
Or just another history that you're sayin'

Love is so hard to find
But there's a lot to hide
Another night to go
I cannot know
Never

11.6.09

Emotion Detector

Running trough these windows
I'm playin' hide and seek
But what am I looking for?
Reachin' out for something
That I don't know what means

She, can really make up my mind
He, can really turn out this side
Of my deep and weak heart

Breakin' the silence
So long I've been away
What else can I say?
I wonder if does it takes
What really matters to everyone
Takin' a ride if this love

She, can be out of this mess
He, doesn't know what it means
But I know what's going on

This part of me want to say
What's really shakin' up all around
But a part of me feel
What's inside your stone soul

Roll the dice
Emotion Detector
Roll and play again
Emotion Detector
Push the buton
Emotion Detector
Play your game
Make me die
Emotion Detector
Play and hide
Hide away

7.6.09

Um Amor Impossível - John e Edward

Outubro de 1878, Westland, Inglaterra

James corre pelas ruas pouco iluminadas da vizinhança. Os olhos sofregos não sabem o que fazer, para onde olhar. Seus passoas são vacilantes, sua mente está aterroziada. As lágrimas não caem, até ele chegar a casa de Harris. Ele bate a porta mais de uma vez. A madrugada está por todos os lados, e as lampadas de querosene não dão conta de iluminar a rua.

- James? O que aconteceu? Pelo santo Deus, o que aconteceu?
- Ah, meu amigo...

E as lágrimas escorrem, finalmente. Harris observa as roupas de dormir do amigo; acontecera alguma coisa com Linda, ele estava cada vez mais certo disso. Mas o sentimento, a dor do amigo o impede de dizer qualquer coisa. O que resta é o abraço fraterno que os dois se dão. Um abraço longo, a mão de Harris afagando o amigo. James tenta se recompor.

- Harris, ele é lindo; tem os olhos da mãe. O cabelo é loiro, de um dourado que dói aos olhos.
- James, e a Linda? Como ela está?
- Ela... Eu não sei como te dizer isso.
- Pelo amor de Deus James, o que aconteceu?
- Ela, ela não resistiu.

Nesse momento James desmaia. Seu corpo fica nas mãos de Harris, que o carrega para o sofá da sala. Ele chama Rose, sua esposa.

- Rose, chame o Dr.Clarson. Precisamos dele imediatamente.
- Harris, o que aconteceu com James?
- Linda não aguentou as dores do parto. Ele deve ter deixado tudo de lado lá. Preciso ir até lá, mas não posso deixá-lo assim aqui, neste estado. Ele precisa de um médico.
- Harris, deixa que eu fico aqui com ele. A casa do Dr.Clarson fica no caminho da casa de James. Avise a ele!

Harris sai correndo, como se a tropa de Napoleão estivesse em seu encalço. Ele desvida de alguns arbustos e logo chega a casa do médico. Bate a porta e espera, uma das mais longas que já tivera.

- Ah, Dr. Desculpe pela hora, mas é uma caso de emergência. Linda não resistiu ao parto, James está desesperado e inconsciente na sala da minha casa.
- Certo certo Harris, estou indo pra la agora.
- Eu preciso ir a casa dele, tenho que ver como está a situação lá.
- Vai rapaz, corra.

Novamente correndo, Harris quase tropeça em um poste, duas esquinas antes da casa de James. Chega ao jardim de bromélias, que neste dia estavam mais radiantes do que nunca.

- Ah, graças a Deus Harris, graças ao bom Deus você está aqui.

A mãe de Linda, Eliza, abraça Harris com uma profunda tristeza. Seus olhos já não choram mais, as lágrimas foram tantas que ela ficara somente chocada.

- Eliza, eu sinto muito. Sinto muito mesmo. E você Katharine, sua irmã era uma ótima mulher, admirável e carinhosa. Nunca existirá esposa mais dedicada do que Linda.
- Harris, ah Harris. Minha pobre irmã. Aqueles olhos azuis foram parar na face do filho. O nosso pequeno Edward.

Em meio a inúmeras pessoas que agora chegam para amparar a família e concentram-se na pequena sala, Harris olha para Edward, com uma profunda admirição. Os olhos azuis reluzentes, como estrelas no céu. E neste instante ele lembra do seu próprio filho de sua mulher, a sua família. Como eles eram importantes.

Janeiro de 1894, Londres, Inglaterra.

As carruagens tomam mais espaços nas ruas largas de Londres do que as pessoas, que concentram-se em grande número nas feiras ao ar livre. Ali pode comprar-se de tudo, de frutas a utencílios, as coisas necessárias para a subexistência no séc. XIX. As pessoas giram em torno das bancas, onde os vendedores verificam e informam preços. Edward está comprando tomates, mas a preocupação não está em comprar os melhores, mas sim no pai. A lembraça dele não sai de sua cabeça, do esforço que ele fazia para ajudar a todo custo Edward.

Edward volta para o seu novo lar, um apartamento apertado no centro de Londres. O movimento é intenso, mas fora o que conseguiram arranjar. John o espera na porta do edifício.

- Ah, que bom Edward. Hoje é o seu dia de cozinhar.
- Bom dia pra você também, Mr. Whitehouse.
- Ah, me desculpe, ainda não me acostumei com isso.
- Pois é, um pouco de civilidade não faz mal a ninguém. E eu não me esqueci que cozinho hoje. Vamos, entre, pequeno pedaço de brutamonte.
- Certo, certo.

Os dois sobem as escadas do edifício e param no segundo andar. O cheiro de comida começa a invadir as narinhas dos dois. Mas o gosto que Edward sente não é o de cozidos e saladas, mas sim o amargo da saudade, e uma parcela de fel de arrependimento. Ele teria que ensinar tudo para John; inconsequente e pouco civilizado, John causava impressões nada agradáveis para os dois. Sua forma física não era proporcional as suas boas maneiras.

- Edward, eu te amo.
- Eu também te amo John.

Os dois se abraçam ao fecharem a porta. As mãoes de John percorrem o corpo de Edward, o acarriciando. Disso Edward não podia reclamar, John era atencioso e carinhoso, sempre afagando e perguntando como ele estava.

- Você está arrependido Edward?
- Não, mas não posso negar que sinto saudades de casa. Meu pai significa muito pra mim.
- Edward, se a qualquer momento você quiser voltar, me diga, por favor. Prefiro voltar pra lá e ser obrigado a ir pra Escócia do que viver vendo você infeliz e triste.
- John, isso vai passar. É uma questão de tempo. Agora fica quieto e vem aqui.

Edward puxa John pela camisa. Os dois se beijam. John vai levando Edward para o quarto. E mais um dia se passa. Mais um dia na vida dos dois, que mal sabem o que vão fazer do amanhã. Felicidade para eles? Ou libertinagem assumida? Ah meus caros, o que é para um não é para outros. C'est lá viè. É a vida.

13.5.09

Amor Impossível - John e Edward

Janeiro de 1894, Brentwood, Inglaterra

No caminha as palavras tornam-se escassas. Olhares atentos as estradas, um frio quase indominável, expressado em um forte vento. Era como se algo estivesse dizendo: "Voltem, meus caros, voltem". Mas era impossível voltar; não agora que estavam a poucos quilômetros de Londres. Brentwood é uma pequena cidade a leste de Londres. Suas casas são simples, ruas pequenas, sem muito movimento. Caras sérias e inglesas, é tudo o que John e Edward encontram ali.

- John, precisamos parar um pouco.
- Você está se sentindo bem Edward?

Sua face está completamente pálida. Seus olhos já não tem um azul tão intenso quanto antes. Como se toda a sua felicidade tivesse sido sugada por algo, ou por alguém.

- Eu não sei, simplismente peça para ele parar, por favor.
- Certo. Cocheiro, pare. Vamos encostar aqui por um tempo.

A charrete para. Os dois descem, John carregando Edward pelos ombros. Eles sentam-se em um banco. A preocupação de John para com o amigo é visível. Seu olhar apreensivo não esconde nada.

- Edward, o que aconteceu? Pelo amor de Deus, me fale!
- Eu não sei John; simplismente eu não sei. Eu te amo com todo o meu coração, mas deixar o meu pai é muito difícil. Sei que é uma escolha que não podíamos evitar se queremos ser felizes. Eu só não sei se não seria melhor falar tudo para os dois.
- Edward, nós dois sabemos o que aconteceria. Seu pai iria te dar uma surra tão grande que você não iria andar mais. Meu pai iria me mandar pra Escócia, na casa dos meus tios para eu nunca mais voltar. Nós pensamos nisso antes.
- Eu sei disso, mas nós não tentamos. Fugir antes de dizer e fugir depois seria a mesma coisa. Aliás, eu acho que fugir antes de contarmos é covardia.
- Você quer voltar Edward?
- De maneira alguma, já estamos a nove dias fora de casa. As cartas já foram lidas. Agora eles já sabem de tudo. Você deixou o endereço do seu amigo em New Castle para eles, não? Para as correspondências?
- Claro, eu deixei tudo certo. Quando chegarmos em Londres mandamos um postal para Peter. Só ele vai saber onde estámos morrando.
- Obrigado John, obrigado por me fazer entender o que é amar.
- Edward, não fui eu quem te ensinou o que é amar, mas sim o nosso amar ensinou isso para nós dois.

Os dois se abraçam. Voltam para a charrete e partem em direção a Londres. Com a alma mais calma, Edward observa o seu novo futuro. Viver ao lado de John.

Amor Impossível - John e Edward

Janeira de 1894, Westland, Inglaterra.

Edward volta da cozinha com uma xícara de chá bem quente. O inverno está sendo bem cruel. Os dois se entreolham, seus olhos estão oscilando entre o desespero e a confiança. O único movimento que se percebe é o da mão de John, projetando a xícara a boca.

- Edward, pela Rainha da Inglaterra, você não vai desistir não é?
- John, por que eu faria isso?
- Eu não estou duvidando de você. Quero saber se tem certeza.
- Eu tenho John, eu tenho. E o que me dá certeza é o...

A porta se abre. Um sobretudo molhado é avistado na sala. Os dois observam um corpor se projetar até eles. James fica surpreso com a presença de John. É ele quem começa a perguntar.

- Oh, John. Tudo bem com você? Aconteceu alguma coisa com o seu pai?
- Ah, nã não Mr. James, não aconteceu nada não. Eu só estava passando, então aproveitei para visitar o meu velho amigo.
- Uhun. Fica para o jantar?
- Não. Na verdade vim convidar Edward para jantar lá em casa. Você gostaira?
- Ah, não se preocupe comigo. Você pode ir Edward, faça a vez dos Hornets lá, ok?
- Certo pai. Boa noite. Je te amè.
- Je te amè mon amour. Boa noite John.
- Boa noite Mr. James.

Os dois atravessam o jardim. As malas de Edward o esperam nos fundos da casa. Um sentimento de culpa bate em seu peito. Abandonar o pai dessa forma. O pai que o criara, sozinho, com tanto esforço. Mas era necessário, pensava Edward, era necessário. A vida é assim, devemos tomar rumos diferentes. Não posso ser eu mesmo nas costas do meu pai. Era assim que o jovem Edward pensava.

Os passa por uma pequena viela perto da casa de John. Ali, atrás de alguns arbustos, encontra-se a pequena mala de John. Já com ela em mãos, ele dá uma última olhada para a casa. Não tivera tempo de se despedir de seu pai. Um pena, realmente. Os dois seguem, onde encontram uma charrete livre. O destino, pergunta o condutor. Londres, responde John.

Londres, aquele nome fica ecoando dentre da charrete. Londres, a velha cidade. A mãe da Inglaterra, berço de reis e rainhas.

Agosto de 1892, Westland, Inglaterra.

John segura um pedaço de galho, como uma espada. Do outro lado do pequeno bosque está Edward, com outro pedaço. Os dois preparam-se para correr um em direção do outro, como uma briga de lanças.

- Eu vou cortar a sua cabeça, seu York de bosta!
- O quê? Eu é que vou cortar seu miolos, Lancaster desgraçado!

Eles rolam pela grama seca do bosque, até cairem atrás de uns pequenos arbutos. Está engalfinhados, os braços e as pernas entrelaços. Como testemunhas oculares, somente as velhas árvores e o céu limpído. A briga vai se tornando um abraço; o abraço em carinho. Os olhares, dantes furiosos, vão se tornando lascivos. As bocas vão se aproximando. Os lábios se encostam. Os dois se apertam, movimentam as cabeças. John vai tirando a roupa de Edward. Esse se deita e começa a arranhar as costas de John. Os dois se beijam longamente. Um vento sopra pelas árvores, aves voam, gemidos são surrudos.

- John, você me ama?
- O que?
- É, você me ama?
- Edward, amar? Sei lá, eu nunca parei pra pensar nisso!
- Eu te amo John.
- Edward, amar é diferente disso que fazemos. Amar é pra homem e mulher. Isso que nós temos é desejo.

Daquele dia, e mais trinta, Edward não falou mais com John. Os dois não se encontraram mais. Não faltaram insistências da parte de John, mas as recusas de Edward eram bem explícitas. Até que John resolveu escrever uma carta.

"Hoje eu descobri o que é amor. Não é uma coisa que só um homem sente por uma mulher. É essa necessidade que sinto em te beijar, em te abraçar, em sentir o teu cheiro. É essa vontade louca de te ver todos os dias, de querer estar contigo sempre, de não me contentar somente em saber que você está vivo. Amar é ter você ao meu lado e saber que você estará sempre ali. Eu sempre vou te amar Edward, por mais que tudo conspira contra nós. Eu sempre vou te amar. Por toda a minha vida, eu vou te amar. Nunca esqueça disso."

Ao fim da carta, as lágrimas já não se conteêm no rosto de Edward. Seus pés estão descordenados, meio sem saber o que fazer. Resolvem ir a casa de John. Ele está lá, na frente da casa, ajudando Harris a cortar lenha. Com os olhos vermelhos, ele chama John.

- Eu te desculpo John.
- Ah, eu nunca quis dizer aquilo. É que, às vezes, a minha cabeça fica confusa. Eu sei que eu errei. E eu realmente vou cumprir tudo o que disse nessa carta.
- Você quer dar uma volta no bosque?
- Meu pai não está em casa, vamos entrar pra tomar um chá.

Os dois entram na casa. O abraço é regado a lágrimas. Os dois se entreolham, se beijam e sobem para o quarto de John. A vida dá voltas e - muitas vezes - elas nos deixam tontos. Mas, a vida é sábia e, como ela, o tempo.

11.5.09

Amor impossível - John e Edward

Janeiro de 1894, Westland, Inglaterra.

"Hoje sou Homem, amanhã serei eu mesmo"
John Whitehouse


Entre as nuvens cinzentas no céu do vilarejo caminha o jovem John; seu dezesseis anos lhe permitem um andar rápido, ávido, cheio de certeza - aquela que acomete a todos os adolecentes. Seus pés tem uma certa leveza, como se ele flutuasse. Seu olhar está carregado de lágrimas; o peito bate forte, num ritmo intenso. Aproxima-se de uma casa modesta, com um jardim carregado de bromélias, todas elas quase mortas. As flores dão um tom assombrante a casa; um santuário onde repousa todos os medos e anseios do jovem John. Sua boca está cerrada, percebe-se um leve tom de desconfiança, mas ela vibra com o cair das lágrimas - que, agora, escorrem como nunca. Ele corre em direção à porta, bate com força e grita um nome: "Edward!" Repete ainda três vezes mais o nome. Alguém aparece, um jovem loiro, de olhos azuis, vestido com roupas largas, frouxas, mas limpas. Seu olhar também está carregado de lágrimas. Percebe-se que ele está sozinho em casa.

- Edward, finalmente. Precisamos ser rápidos. Meus pais já vão chegar.
- Precisamos ter calma John, tomamos muito rápido uma decisão extremamente complexa.
- Edward, no amor não existem decisões rápidas, existem erros.
- Você está fazendo isso pensando em errar?
- Arg, é uma metáfora!
- Nem nessa hora você perde essa mania?
- Vamos, deixe eu entra, está frio aqui fora.
- Entre, vou pegar um chá pra você.

Os dois entram na casa. John senta-se na ponta da modesta mesa, enquanto Edward projeta-se para a cozinha. Vacilante, suas pernas estão bambas, como se ele fosse cair a qualquer momento. Era justamente isso que John tinha medo, dele recuar e não aceitar mais o que haviam decidido.

Novembro de 1890, Westland, Inglaterra.

Duas crianças correm, livres de qualquer medo, de qualquer pudor, de qualquer impedimento que roda a vida das pessoas adultas. Com um olhar comtemplativo, Mr. Harris observa seu filho John brincar com o filho de seu sócio, Edward.

- Veja só, nossos filhos parecem irmãos! Você não andou rondando a minha casa a doze anos atrás, não é James? Harris ri ao completar a frase.
- Ah Harris, para com isso. Eles são crianças, é comum se identificarem. Mas, realmente, eles agem como se fossem irmãos, e de sangue!
- Você se lembra quando eramos crianças? Como nós brigávamos!
- Verdade. Mas, também, com a sua arrogância, aquela prepotência de pessoa inteligente!
- Ah James, você é que era desqualificado. Mais risos.

As crianças agora se afastam, vão para um pequeno bosque perto da casa de Harris. Ali, pequenos arbustos e algumas árvores faziam o papel de discrepância com a modesta fábrica James&Harris Ferro Fundido. Um velho fornô e muita boa vontade, assim trabalhavam os dois. A vida dá voltas, e elas - algumas vezes - nos deixam tontos.
Harris perdera a esposa cedo, quando John contava três anos. Fora difícil criar o menino sem a presença da mãe, mas não uma tarefa impossível. Tudo o que ele sempre quis passar ao menimo foi que o estudo estava acima de tudo. Ele não queria ver o filho debrussado em uma forja, mas sim nos livros. John mostrava a mesma inteligência do pai. Um garoto astuto, boas notas na escola, disciplinado e educado. As palavras mágicas eram regra, sem exeção, na vida de John e Harris. Esse último olha para o seu filho e pensa: "Eu fiz um bom trabalho."
A vida dá voltas e elas - muitas vezes - nos deixam tontos.

10.5.09

As coisas mudam

É impresionante ver como as coisa não mudam. Aliás, algumas pessoas insistem em dizer que elas mudam. Mas isso é pura ilusão. A vida tem um certo ciclo a seguir. Destino? Não, é a pura burrice de quem dirige esse caminhão chamado mente. Sim, temos uma frota deles. Não existe uma mente, mas várias, para cada momento. A minha, agora, é a de colocar toda a raiva pra fora.

A vida é cruel, eu devo ser mais
A vida é dura, eu devo ser mais
A vida é curta, eu devo ser mais
A vida simplismente é, eu não sou, eu sou mais

I'll be the guardian, you'll be the snake.
This is what I'm, you can like it or not.
You can love me, or leave, 'cause I never gonna stop.

Há um sentimento atrás de cada palavra escrita por mim nesse texto. E isso é pessímo. Não existe escritor com sentimento escondido.Hoje eu chorei, mas eu havia prometido pra mim mesmo que nunca mais faria isso, não por causa de uma guria.

This is what I'm, you can like it or not.
But, please, don't deny if you love me.
All of my life is yours to take.
I know you hate when I talk like this.
This is what I'm!

Ainda haverá um dia em que eu vou, finalmente, poder dizer:

We're islands in the stream, so far, so good.

No momento eu só consigo dizer: We've got something rolling on.

Eu sei que, alguém vai ler isso, e entender errado. Isso faz eu me sentir mal. Mas, essa é a vida, no one in between. As minhas palavras tem um sentimento escondido, e esses nunca serão revelados. I can't fall in love, I fall deeper and deeper.

Que lástima, minhas palavras são mero conselho para os meus próprios ouvidos.

M.V.Barbosa

20.3.09

Rogério – Capítulo 04

Daniel o espera a porta, bem vestido. Vão a Vila Nova, a cidade que nunca dorme na redondeza. Lá, além das mulheres, estão os melhores bares do estado. Já no carro, ele indaga: mas, rapaz, como tu querias quebrar nosso ritual de descanso já tão consolidado? Não sabes que devemos isso às mulheres desta cidade maravilhosa? Rogério dá um bater de ombros, desdenhando a pergunta dele. Descanso para que, pensa Rogério. Mas, ao longo do caminho, vai relaxando. A música agora é outra, Carpenters. Que bela voz tem essa Karen ein? diz Daniel. Rogério replica: bela? A voz dela é simplesmente inacreditável! Vão discutindo agora sobre a vida amorosa. Quem começa é Daniel: Cara, tu sabes que a Rafaela anda me paquerando? É, isso mesmo, aquela lá da biblioteca. Olha, eu sei que não se deve comer a carne onde se ganha o pão, mas com aquela ali, meu filho, não há santo que resista! E eu, como não sou santo mesmo, caio em tentação. Rogério logo lembrasse de Clarissa, mas é um flash que passa rápido. Pensa agora em Rafaela. Mas esse Daniel tirou a sorte grande ein!
Chegam a um bar na rua principal de Vila Nova. Muita gente, muitas conversas, um som alto, carros passando, mulheres rindo, homens bebendo cerveja. Os dois procuram agora uma mesa, algo que logo se resolve. Sentados, Daniel fala: lembra-te do Antônio, aquele nosso professor? Rogério engole em seco, mas responde: Rodeau? Claro, meu grande amigo. E então presta atenção no que falara: “Claro, meu grande amigo!” A amizade é relativa? Já não sabe. Mas se a amizade depende do momento, aquilo era mais um descaso do que amizade. Era a personificação do desprezo. Resolve então ajudar Antônio; quer ver ele livre daquilo tudo o mais breve possível. Continuam a conversa. Ao chegar em casa ele pensa em como convencer Antônio. Seria difícil, mas está determinado o colocar um fim naquilo tudo.

Rogério – Capítulo 03

Após o almoço, Rogério troca telefones com Clarissa e se despede. Precisa ir para casa, pois dinheiro não cai do céu – como o próprio Antônio diria. Vai ao seu trabalho, uma escola de ensino médio numa cidade próxima. Leciona história, aos moldes de Antônio, colocando sua fé nos alunos e todo o seu conhecimento. Sabe que, ajudando na formação deles, irá fazer um mundo melhor. E sabe, ainda, que a História é importante para entender o modelo de sociedade, de governo, de vida, de comportamento. Ele pensava em um tipo de educação diferente de tudo antes visto. Um ensino que incita o aluno a estudar. Queria ser um professor que passa tudo o que sabe e, mais ainda, instiga o aluno a querer saber mais sobre o assunto. Terminado o dia de trabalho, cai novamente em seus pensamentos, sobre Antônio, sobre a educação, sobre Clarissa – sobre como sua juventude estava ainda mais estampada em sua face, como se nascesse e renascesse todo o dia.
Aquele vestido não sai de sua cabeça. Como Clarissa ficara bonita com ele, um azul estonteante. Logo seus pensamentos permutam para Antônio e sua situação decrépita. Ora, um homem como ele, Rogério não conseguia entender. Ou talvez não queria entender. Ele pensa: será que, mesmo após a traição, ele vai querer ela de volta? Será que seria trair a confiança que ele tem em mim?
A noite vai chegando e o telefone toca. Seu colega de trabalho, Daniel, liga para perguntar se iriam fazer alguma coisa. Ele responde que não havia pensado em nada, talvez devessem deixar para a próxima. Daniel acha estranha essa atitude vinda de Rogério, pois o amigo nunca recusara um convite antes. Ele então insiste: ora, vamos rapaz! O dia de trabalho foi árduo e temos direito ao descanso que Baco nos reserva! Rogério pensa, e acha melhor ir. Sim, livrar a cabeça de todos esses pensamentos. Já agora a caminho da casa de Daniel escuta a sétima sinfonia de Mozart. Ah, a música clássica. Como os tempos mudaram, pensa ele.

11.3.09

Eu juro

Eu não sei bem porque, mas sentir-se ferido é algo terrível. Sabe, é tedioso, até.
Liguei para alguém que a muito não ligava. Fiquei satisfeito em ouvir aquela voz dizendo alô. Proferi algumas palavras em alemão, talvez com isso ela tenha me identificado. Será que eu poderia viver sem a presença dessa lembrança???
É tão ruim sentir-se traído, machucado. O pior é saber que errei e que isso tudo é irreversível. Saber que as palavras que eu disse foram tomadas como "fúteis", ou como se apenas tivesse utilizado do meu poder de literatura. Sei que meus sentimentos foram colocados naquilo tudo. Sei que superei, pois a dita "vingança" foi concretizada com sucesso. O que me intriga é o porque disso tudo, quando ela diz que perdoar ainda é a melhor opção. Paradoxal, como sempre, ela profere coisas que não entende. Mas é, ainda, um ser em construção - como eu, como você - e necessita aprender. Eu preciso aprender a viver com isso. Ela, a não ser rancorosa e entender as coisas. Eu preciso aprender a crescer, ela a entender que ainda é uma criança. Uma criança que chora, lágrimas de crocodilo.

16.1.09

Toda vez que eu penso em ti ocorre uma coisa engraçada. Um vento frio, de um gelo penetrante, corta meu rosto e se espalha pelo meu corpo. Depois, ou ao mesmo tempo, sinto um calor terrível, como se fosse derreter. É possível ser assim, tão inconstante? Isso são coisas que jamais vou saber explicar. São peças de um quebra-cabeça maior.

7.1.09

Vestibular

Dorme, acorda, olha não acredita
Levanta, abre, pega, olha, gosta
Veste, sono, boca, troca
Anda, passa, não olha, entra
Abre, puxa, fecha, faz
Boca, escova, água, rosto
Olhos, anda, caem, mesa
Senta, fala, cala, boca
Come, toma, dor, estômago
Pressa, corre, pega, anda
Carro, jornal, lê, sono
Sentado, olhando, passando, mundo
Lendo, vida, fatos, todos
Prepara, ânsia, medo, surpresa
Desce, fala, tchau, igreja
Ajoelha, reza, pede, agradece
Anda, olha, lê, senta
Espera, espera, espera, espera
Finalmente, abre, entra, senta
Fala, anima, faz, desanima
Entrega, espera, espera, espera
Sái, não pensa, pensa, não fala
Corre, toca, vê, impressiona
Saí, anda, fala, telefone
Encontra, andam, sentam, vão
Chegam, comem, sentam, então
Pega, arruma, fala, tchau
Agradece, despede, sorte, igual
Chega, fala, daí, não sabe
E então, espera, espera, espera
Pensa, cogita, fala, se irrita
O melhor , ainda, é ficar em casa
Ou ser parte das caturritas?
Ora, ora, meu amigo
Tudo isso para algo serve
Mas sempre elas nascem
Com um destino, esse cumprido
Que todo à si mesmo reservam.

2.1.09

Mente

Tu queres entender a mente de um escritor? Pois aqui vou eu num relato que jamais vais esquecer. Guarda as minhas palavras do fundo de tua mente, que deve estar cheia, mas guarda. Bom, a mente de um escritor é vazia. Sim, é vazia das coisas importantes. Pois ela deve estar sempre aberta para qualquer João ou Maria entrar e começar a contar sua história. Ou tu achas que tiramos eles do nada? Não, eles simplesmente chegam, sem pedir, e vão falando, sem parar - algumas vezes dá vontdade de mandá-los longe, é impressionante como falam. A mente de um escritor é tão desgraçada que não para nunca. Ela fica pensando, recebendo e processando palavras o tempo todo. Basta uma caminhada para esse texto surgir, por exemplo. A mente dele tão não é de suma importância, diria eu até desprezível. Se tu desejas escrever algum dia, cuidado! Essa vida não tem mais volta e os erros são eternos. Mas, mais ainda, as palavras. Portanto faça a sua escolha.

1.1.09

Oferta

Caminhando pela rua
Vi do outro lado uma senhora
Bem distinta, bem disposta
Sorri a mim em retribuição
Babava eu a seus pés
Com um cão que pede afago
Ela estende a mão com carícia
Mas quer só minha amizade
Desde então lato por aí
A procura daquela dona
Que um dia me fitou
E fez de si minha senhora
Entre paredes vou gritando
Com meu ego a explicar
Minha vida ofertando
Para aquela que passar

Ela

Sabes o que é sentir raiva? Ora, Marcus tolo, é claro que todos sabem. Mas, não é uma raiva mortal, entretanto uma que me deixa - no mínimo - intrigado. Ela continua permutando meus pensamentos e isso me deixa louco. Seus cabelos loiros ainda passam pela minha cabeça e fazem eu tremer. Será que é amor? Não, creio que já tenha se transformando em fixação. Durante muito tempo dediquei minha vida à ela, aquela que nunca olhou pra mim sem ter um olhar amigável. E eu ali, desejando-a mais do que tudo. Pergunto-me se fui injusto, para com ela e comigo. Já não sou dono dos meus pensamentos. Esse sonho que tive, mera ilusão. Não tenham raiva de mim, eu falei que era um paradoxo. Alguém me ensine a amar, se eu sou tão errado! Peço que não olhem com desdêm para o que sinto, compreendam uma pessoa que deu tudo de si e recebeu muito pouco. Essa é a vida de um rapaz solitário, em frente a suas letras. Mas isso não é tão importante...

O que você acha do meu blog?