Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

13.5.09

Amor Impossível - John e Edward

Janeira de 1894, Westland, Inglaterra.

Edward volta da cozinha com uma xícara de chá bem quente. O inverno está sendo bem cruel. Os dois se entreolham, seus olhos estão oscilando entre o desespero e a confiança. O único movimento que se percebe é o da mão de John, projetando a xícara a boca.

- Edward, pela Rainha da Inglaterra, você não vai desistir não é?
- John, por que eu faria isso?
- Eu não estou duvidando de você. Quero saber se tem certeza.
- Eu tenho John, eu tenho. E o que me dá certeza é o...

A porta se abre. Um sobretudo molhado é avistado na sala. Os dois observam um corpor se projetar até eles. James fica surpreso com a presença de John. É ele quem começa a perguntar.

- Oh, John. Tudo bem com você? Aconteceu alguma coisa com o seu pai?
- Ah, nã não Mr. James, não aconteceu nada não. Eu só estava passando, então aproveitei para visitar o meu velho amigo.
- Uhun. Fica para o jantar?
- Não. Na verdade vim convidar Edward para jantar lá em casa. Você gostaira?
- Ah, não se preocupe comigo. Você pode ir Edward, faça a vez dos Hornets lá, ok?
- Certo pai. Boa noite. Je te amè.
- Je te amè mon amour. Boa noite John.
- Boa noite Mr. James.

Os dois atravessam o jardim. As malas de Edward o esperam nos fundos da casa. Um sentimento de culpa bate em seu peito. Abandonar o pai dessa forma. O pai que o criara, sozinho, com tanto esforço. Mas era necessário, pensava Edward, era necessário. A vida é assim, devemos tomar rumos diferentes. Não posso ser eu mesmo nas costas do meu pai. Era assim que o jovem Edward pensava.

Os passa por uma pequena viela perto da casa de John. Ali, atrás de alguns arbustos, encontra-se a pequena mala de John. Já com ela em mãos, ele dá uma última olhada para a casa. Não tivera tempo de se despedir de seu pai. Um pena, realmente. Os dois seguem, onde encontram uma charrete livre. O destino, pergunta o condutor. Londres, responde John.

Londres, aquele nome fica ecoando dentre da charrete. Londres, a velha cidade. A mãe da Inglaterra, berço de reis e rainhas.

Agosto de 1892, Westland, Inglaterra.

John segura um pedaço de galho, como uma espada. Do outro lado do pequeno bosque está Edward, com outro pedaço. Os dois preparam-se para correr um em direção do outro, como uma briga de lanças.

- Eu vou cortar a sua cabeça, seu York de bosta!
- O quê? Eu é que vou cortar seu miolos, Lancaster desgraçado!

Eles rolam pela grama seca do bosque, até cairem atrás de uns pequenos arbutos. Está engalfinhados, os braços e as pernas entrelaços. Como testemunhas oculares, somente as velhas árvores e o céu limpído. A briga vai se tornando um abraço; o abraço em carinho. Os olhares, dantes furiosos, vão se tornando lascivos. As bocas vão se aproximando. Os lábios se encostam. Os dois se apertam, movimentam as cabeças. John vai tirando a roupa de Edward. Esse se deita e começa a arranhar as costas de John. Os dois se beijam longamente. Um vento sopra pelas árvores, aves voam, gemidos são surrudos.

- John, você me ama?
- O que?
- É, você me ama?
- Edward, amar? Sei lá, eu nunca parei pra pensar nisso!
- Eu te amo John.
- Edward, amar é diferente disso que fazemos. Amar é pra homem e mulher. Isso que nós temos é desejo.

Daquele dia, e mais trinta, Edward não falou mais com John. Os dois não se encontraram mais. Não faltaram insistências da parte de John, mas as recusas de Edward eram bem explícitas. Até que John resolveu escrever uma carta.

"Hoje eu descobri o que é amor. Não é uma coisa que só um homem sente por uma mulher. É essa necessidade que sinto em te beijar, em te abraçar, em sentir o teu cheiro. É essa vontade louca de te ver todos os dias, de querer estar contigo sempre, de não me contentar somente em saber que você está vivo. Amar é ter você ao meu lado e saber que você estará sempre ali. Eu sempre vou te amar Edward, por mais que tudo conspira contra nós. Eu sempre vou te amar. Por toda a minha vida, eu vou te amar. Nunca esqueça disso."

Ao fim da carta, as lágrimas já não se conteêm no rosto de Edward. Seus pés estão descordenados, meio sem saber o que fazer. Resolvem ir a casa de John. Ele está lá, na frente da casa, ajudando Harris a cortar lenha. Com os olhos vermelhos, ele chama John.

- Eu te desculpo John.
- Ah, eu nunca quis dizer aquilo. É que, às vezes, a minha cabeça fica confusa. Eu sei que eu errei. E eu realmente vou cumprir tudo o que disse nessa carta.
- Você quer dar uma volta no bosque?
- Meu pai não está em casa, vamos entrar pra tomar um chá.

Os dois entram na casa. O abraço é regado a lágrimas. Os dois se entreolham, se beijam e sobem para o quarto de John. A vida dá voltas e - muitas vezes - elas nos deixam tontos. Mas, a vida é sábia e, como ela, o tempo.

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