Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

11.5.09

Amor impossível - John e Edward

Janeiro de 1894, Westland, Inglaterra.

"Hoje sou Homem, amanhã serei eu mesmo"
John Whitehouse


Entre as nuvens cinzentas no céu do vilarejo caminha o jovem John; seu dezesseis anos lhe permitem um andar rápido, ávido, cheio de certeza - aquela que acomete a todos os adolecentes. Seus pés tem uma certa leveza, como se ele flutuasse. Seu olhar está carregado de lágrimas; o peito bate forte, num ritmo intenso. Aproxima-se de uma casa modesta, com um jardim carregado de bromélias, todas elas quase mortas. As flores dão um tom assombrante a casa; um santuário onde repousa todos os medos e anseios do jovem John. Sua boca está cerrada, percebe-se um leve tom de desconfiança, mas ela vibra com o cair das lágrimas - que, agora, escorrem como nunca. Ele corre em direção à porta, bate com força e grita um nome: "Edward!" Repete ainda três vezes mais o nome. Alguém aparece, um jovem loiro, de olhos azuis, vestido com roupas largas, frouxas, mas limpas. Seu olhar também está carregado de lágrimas. Percebe-se que ele está sozinho em casa.

- Edward, finalmente. Precisamos ser rápidos. Meus pais já vão chegar.
- Precisamos ter calma John, tomamos muito rápido uma decisão extremamente complexa.
- Edward, no amor não existem decisões rápidas, existem erros.
- Você está fazendo isso pensando em errar?
- Arg, é uma metáfora!
- Nem nessa hora você perde essa mania?
- Vamos, deixe eu entra, está frio aqui fora.
- Entre, vou pegar um chá pra você.

Os dois entram na casa. John senta-se na ponta da modesta mesa, enquanto Edward projeta-se para a cozinha. Vacilante, suas pernas estão bambas, como se ele fosse cair a qualquer momento. Era justamente isso que John tinha medo, dele recuar e não aceitar mais o que haviam decidido.

Novembro de 1890, Westland, Inglaterra.

Duas crianças correm, livres de qualquer medo, de qualquer pudor, de qualquer impedimento que roda a vida das pessoas adultas. Com um olhar comtemplativo, Mr. Harris observa seu filho John brincar com o filho de seu sócio, Edward.

- Veja só, nossos filhos parecem irmãos! Você não andou rondando a minha casa a doze anos atrás, não é James? Harris ri ao completar a frase.
- Ah Harris, para com isso. Eles são crianças, é comum se identificarem. Mas, realmente, eles agem como se fossem irmãos, e de sangue!
- Você se lembra quando eramos crianças? Como nós brigávamos!
- Verdade. Mas, também, com a sua arrogância, aquela prepotência de pessoa inteligente!
- Ah James, você é que era desqualificado. Mais risos.

As crianças agora se afastam, vão para um pequeno bosque perto da casa de Harris. Ali, pequenos arbustos e algumas árvores faziam o papel de discrepância com a modesta fábrica James&Harris Ferro Fundido. Um velho fornô e muita boa vontade, assim trabalhavam os dois. A vida dá voltas, e elas - algumas vezes - nos deixam tontos.
Harris perdera a esposa cedo, quando John contava três anos. Fora difícil criar o menino sem a presença da mãe, mas não uma tarefa impossível. Tudo o que ele sempre quis passar ao menimo foi que o estudo estava acima de tudo. Ele não queria ver o filho debrussado em uma forja, mas sim nos livros. John mostrava a mesma inteligência do pai. Um garoto astuto, boas notas na escola, disciplinado e educado. As palavras mágicas eram regra, sem exeção, na vida de John e Harris. Esse último olha para o seu filho e pensa: "Eu fiz um bom trabalho."
A vida dá voltas e elas - muitas vezes - nos deixam tontos.

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