Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

25.7.08

Como se fosse fácil

Ai, a minha vida toda eu procurei algo
Procurei um propósito, um rumo
Uma inspiração e, finalmente, eu achei

Achei o que tanto procurava
Mas é intocável, é impossível possuí-la por completo
Se ao menos eu soubesse que ela também queria me possuir

Ah, dulce vita, vita mia, te prego, livrame
Liberta-me de tudo isso
Ou responda-me

Ela me quer tanto quanto eu a quero?
Ela me ama tanto quanto eu a amo?
Ela me espera tanto quanto eu a espero?

Eu estou no fond d'le tang, no fundo do poço
Esperando por ela, esperando
E quanto mais eu grito, mais me afogo em lágrimas

Lágrimas que abastecem meu viver
Lágrimas que não podem ser enxugadas
Lágrimas que enxem o meu oceano

E navegar no mesmo parece-me impossível
E mesmo assim, cruzarei-te-ei em busca dela
Em busca da mulher que não sei se me quer

Te prego, duve sei, te prego, duve sei
Vita mia, te prego, duve sei, duve ella?
Duve, duve, duve sei?

24.7.08

Antônio - Capítulo 04

Neste mesmo instante Antônio congela. Leva um banho de água fria. E a fala fica ecoando em sua cabeça. "Professor Rodeau?". Mil vezes essa frase se repete em sua cabeça. Calmamente, Antônio volta a caminhar. E é acometido por um novo chamado.
- Professor Rodeau, sou eu, Rogério, Rogério Goldstein, teu ex-aluno. Lembra da minha tese sobre o domínio francês na Inglaterra?
- Amigo, não sei quem vem a ser Professor Rodeau, muito menos vossa senhoria.
- Ah, viu, não perdeste nem a mania de usar a segunda pessoa do plural.
- Ora, porque uma pessoa usa a segunda pessoa do plural não quer dizer que ela seja outra pessoa.
- Professor, eu fiquei sabendo do seu desaparecimento, de tudo o que aconteceu. Eu achei uma trágedia realmente. Sua mulher, quanto coragem Professor...
- Ok, vós vencestes, queres briga, então vais ter.
- Não, que isso professor.
Antônio fecha os punhos, em sinal de briga. Prepara-se para armar a guarda, mas seu oponente corre. Mas ele se fecha em uma profunda contemplação do que fizera e bate em sua própria face. Pergunta-se se fizera o que era certo.
Volta em direção ao bar. Os trocados ainda estavam ali em seu bolso. E eles logo se vão.

Antônio - Capítulo 03

Mais uma vez, Antônio é acordado por um guarda. Desta vez dá um bom dia caloroso ao oficial, que retribui o gesto. E ele pensa agora em como a vida poderia ser mais fácil e alegre, com um humor pleno e sereno, independente de nada. O humor, mas - acima de tudo - o bom humor.
Caminha agora pela escada a Igreja. É sexta-feira, missa só às 18:00hrs. Ele pensa sobre como Deus foi personificado e nos cultos aos santos. Pensa no poder de expansionismo do homem e em suas virtudes esquecidas. Pensa no clero do século XV e relembra do Império Bizantino. Ah, os ortodoxos. Logo lhe vem em mente a Rússia, o Kremilin, o mundo dos eslavos e tudo mais. Quanto uma ação pode mudar rumos. Lhe vem a mente também os irmãos Orloff e a Rainha, toda a conspiração, e com os Orloff lhe vem a mente a vodka. Os prazeres do álcool, a perdição de um homem.
Senta-se contemplativo nos degraus bem lavados da Igreja e revive momentos de outrora. A barba bem feita, o cabelo cortado, um terno bem alinhado, sua esposa - Clarissa - e sua vida já mudada. Novamente se vê pensando em Clarissa e isso o remete a Marco Antônio, Júlio César e Cleóprata. O Império Romano e sua opulência devastadora. Lembra-se também de Tomás Morus e a Utopia. Os fundamentos do socialismo moderno.
Levanta-se e caminha pelas ruas paralelas a Igreja. E cada vez que pronuncia Igreja lembra de eclessia, a assembléia. Caminha em passos curtos, sem pressa, como se flutuasse.
De repente, ouve uma voz:
- Professor Rodeau?

23.7.08

Ah, teus olhos

Tu me fizeste pensar em coisas que nunca pensei
Tu me fizeste tentar entender algo ininteligivel
Tu me fizeste aprender a medir o tempo
E querer que ele nunca passe

E como se fosse fácil, eu me peguei aqui
Escrevendo, letras e palavras, com carinho
Com amor, com desejo
Palavras, fulgases palavras

Ter-te é uma questão de honra
Entender-te, mais ainda
Tuas qualidades já conheço
Jogadora, até com o meu coração jogas

E me pergunto, é possível?
Não sei, tudo depende de ti
Então, te pergunto, é possível?
Quisera eu saber essa resposta

E asssim enteder o brilho do teu olhar
O teu sorriso, teus lábios, tua boca
Teu corpo, teu jeito, teu andar
Tua fala e teus gestos

Será possível? Já não sei

Das Conclusões

E se não fosse o tempo o dono da verdade
Quem mais seria, senão eu mesmo
Dono do meu tempo, do meu destino
Dono de mim, dono do meu nariz

Quisera eu saber sobre tudo
Sobre mares e florestas
Sobre rios e campos
Sobre corações e rostos

Quisera eu ser o mestre da razão
O senhor do universo
A relíquia maior
O bem maior

Mas, quisera eu realmente ser tudo isso?
Seria possível consilhar tudo isso ao teu amor?
Oh, impassível de erros somos nós, amantes
Filhos rebentos dessa mãe desgarrada

Afrodite, Vênus, Gaia
Todas vocês, me ajudem
Até mesmo Artemis, o mais inútil
Poderá salvar-me do fim, inevititável

Quisera eu saber sobre tudo
Sobre as coisas incompreensiveis, sobre Deus e o Mundo
Quisera eu saber te amar
Quisera eu saber escolher as palavras

Ainda sim, quando eu souber,
Quisera eu ter-te em meus braços
Sorrir alegrimente e perdir-te um beijo
Ludibrioso, meticuloso, delicioso, intragável

Quisera eu ter-te em meus braços
Apertar-te forte e perdir-te um beijo
Quisera eu entender quando grande é esse sentimento
E como ele se manifesta, nefasto, sobre meu coração

Quisera eu receber de bom grado
Sem mais rodeios, toda essa ilusão
E cair-me em profunda agônia, sem mais demagogia
Nessa doce canção

Quisera eu amar-te, piamente
Friamente, espontêneamente
Quisera eu amar-te assim
Com um beija-flor ama um jasmim

Antônio - Capítulo 02

E mais uma noite chega. Antônio procura seu bar de costume, próximo ao centro da cidade. Lá gasta a maior parte do dinheiro que acabara de ganhar. Relembra agora de Ana Bolena, Henrique e Catarina, a velha história da Igreja Anglicana. Como a vontande de um homem podia mudar as coisas antes. Mas a democracia mudara tudo, e hoje a vontade de um nada vale, mas sim a vontade da maioria.
Sai do bar aos passos largos, procurando auxílio nas barracas de camelô que ali se encontram. Busca seu fiel escudeiro, o banco. Acha-o defronte a praça, seu atual lar. Bem diferente de tempos remotos. Os cachorros o aguardam, quase num rital de espera. Quanto senta, sente o calor dos mesmos, o envolvendo e esquentando. A ausência de um cobertor o faz aceitar os afagos caninos. Deita agora e olha para a Igreja. Novamente lhe vem a imagem de Henrique VIII e sua poderosa Igreja Anglicana, como aquilo tudo iria mudar a própria estrutura da Igreja Católica. E, pensando em Henrique, lembra-se do motivo - o divórcio - e lembra-se de si mesmo. Tudo que abandonara.
Por quê? É o que se questiona agora. Por que deixar para trás tudo que construira e viver assim? Ora, meu caro, é mais simples do que parece. É melhor ser amigo de cães do que de putrifos. Ao menos eles são sinceros.

22.7.08

Antônio - Capítulo 01

E naquele banco de praça Antônio via tudo. A loja de móveis, o banco, a Igreja, a estação de trem, o pipoqueiro e os cachorros - esses, seus melhores amigos.
Era junho de 1986, uma típica manhã de inverno. Ele havia acoradado como sempre, com um policial. A cidade se enchera de fitas verde e amarelo. Mal sabiam eles o que os esperava. Antônio contemplava agora uma lixeira, provavelmente seu café da manhã. Vestia roupas largas, uma barba mal feita e a vontade de viver. Essa nunca o abandonou, nem nos piores momentos.
Após uma breve busca dentro da lixeira, encontra uma lata de refrigerante e dois pães - embolorados - mas pães, o que era um luxo. Come vorazmente, se é que voraz é um jeito de comer. Não se precoupa com o depois, come os dois pães de uma vez só.
Encaminha-se para a passarela, onde senta-se defronte a uma barraca de churrasquinho. Na barraca está Jandir, velho conhecido, um gaúcho da fronteira, com o sutaque mais puxado que Antônio já vira.
- Ah, meu guri, como estas? Pensas no quê hoje? indaga Jandir.
- Sóis vós Jandir quem me cumprimentas, é ótimo ouvir tua voz. Hoje podemos falar, vejamos... Da inflação.
- Ah Antônio, essa ainda me quebra! Não quero nem saber o que virá depois disso. Já diz o ditado, depois da tormenta vem a calmaria, mas nós dois sabemos que não é bem assim.
- Estás certo tanto como a chuva cai de pé e corre deitada. Há muito o que fazer para controlar essa maldita!
E assim o papo vai indo, entre multidões avoadas. Chegado o meio-dia, Antônio recebe um churrasquinho de Jandir. Essa comodidade ainda iria trazer muitos benefícios a ele.
Mas, é chegada a hora do serviço. Antônio pega um caixote que se encontra dentre os destroços de uma feira e sobe sobre o mesmo. Discursa agora sobre o tempo e sua relatividade. Logo, as pessoas se aglomeram.
Ao fim do falatório, passa seu caixote por elas e confere. O dia fora bom.

Amor

É amigos, faz 3 meses que não escrevo, entretanto o tempo é o mestre da compreensão e do amadurecimento e - afinal - ele chega para todos. E é chegada a hora de eu escrever sobre algo que me intriga muito: o amor.
É ele o senhor da desavença, da discordia, da loucura. É ele quem nos possui de súbito, sem perguntar, sem questionar o porquê. É ele quem nos faz desafiar as leis que regem o universo, e as leis que regem a natureza.
Um látifundio de incoerência, melhor dizendo. Uma grande propriedade onde nada tem fundamento além do puro e simples - ou será complexo demais - sentimento. É o coração a morada dele.
Somos racionais, disso não tenho dúvida. Entretanto, quando amamos, parecemos tão bobos, tão idiotas, tão eloqüentes que me pergunto: seriamos nós feitos de amor? Ah, e ele pode ser tão destruidor, um fogo que queima sem ser sentido. Um fogo que alastra-se pelos corredos mal iluminados do coração, um fogo que consome o pensamento, sem mais deixas para a racionalidade.
É fato, quem ama, quer. Quem ama, sente. Quem ama, vive. Sem ele seríamos tão sem graça, sem charme, sem - digamos - amor. Ele é vital, indiscutivel e impassível de erro. Sim, meus caros, nunca erramos no amor, pois ele não é uma ciência, e sim um vício - incontrolável, diga-se de passagem- mortal como um veneno, que mata aos poucos.
Termino dizendo que, quando amamos, somos completos idiotas. Gregos eram fundamentados em um amor maior, um amor além do carnal, um amor capaz de coisas utópicas. E, vamos pensar, o amor nada mais é que uma megalomania de nossa alma.

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