Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

23.6.09

Um amor impossível - John e Edward

Maio de 1881, Westland, Inglaterra

Naquela manhã Harris acordara tarde; mais tarde do seu habitual horário. O sol já estava pleno, em um verão quente e seco. O calor era intenso, o que fazia com que ele se prolongasse na cama. Ele se vira para o lado, procurando a esposa; não a encontra. Levanta-se então, a procura de Rose; queria entender porque ela não o acordara. Ao sair de seu quarto, passa pela porta do quarto do pequeno John; seus olhos estavam serrados, sua respiração plena, um sono profundo, um sono acalmador e prazerosos. O olhar de admiração de Harris para o seu filho é como o sol que entra pela janela naquela manhã, radiante e confiante; como se estivesse dizendo: "que belo trabalho nós dois fizemos Rose". E, com isso, volta a memória a sua esposa, a gemitora de sua maior preciosidade. Desce as escadas com calma, mirando a cozinha. Passa pela sala, onde nenhum vestígio da passagem da sua mulher se apresentava - Rose era muito organizada, ao contrário de Harris e do pequeno John. Ele sente um calafrio, um arrepio inominável, como se tudo estivesse se ensaiando para uma coisa terrível. Suas pupilas correm a sala de lado a lado; seus pés descalços vacilam entre o medo e a coragem, entra a angústia e o sonho. Adentra então, finalmente, a cozinha. Ali, observa os tocos de madeiras prontos para serem colocados no forno. As panelas prontas para serem usadas pelas belas mãos de Rose. Ele corre o olhar pela cozinha e, nos pés do armário, observa um corpo caído. Os cabelos negros são inconfundíveis; era Rose. Com os braços estirrados, os olhos abertos, sem nenhum movimento, Rose está deitada no chão da cozinha, com um pote nas mãos. Seu olhar é tão vago que tira todos os sentimentos de Harris - que agora avança com coragem, com destreza até o armário, levanta a esposa, que ali jaz já sem vida. Harris não sabe o que fazer; grita então por socorro. Seu grito acorda o pequeno John, que agora desce as escadas, com uma rapidez incrível. As lágrimas nos seus olhos não são de tristeza, mas de uma incontável manha, própria das crianças de três anos. Harris larga a mulher e corre ao encontro do filho. O pega nos braços e corre, infinitamente, até a casa do doutor Clarson. Bate na porta, é recebido pela sua mulher, Mrs. Clarson, que o informa que ele já fora para o consultório. Harris então lembra do amigo, James, e não exita em chamar. James o olha com curiosidade, e o olhar vai se alternando ao reparar no choro de Harris; a curiosidade se dissipa, vai dando espaço a compaixão, e os dois se entreolham: o sofrimente estampado na cara de Harris diz tudo para James. A vida havia acabado para Rose. A tempo ela reclamara de dores no coração, mas sempre que James dizia para consultar o doutor Clarson ela respondia a mesma coisa: deve ser cansaço. Agora soubera que as dores eram mais do que isso; as dores de cansaço haviam tirado Rose de seu melhor amigo.

19.6.09

Was? Ah, ich kann nicht glauben!

Qual o verdadeiro sentido das palavras?
Existe sentido verdadeiro para as palavras?
O que é verdadeiramente verdadeiro?

A VERDADE NÃO EXISTE, ou só existe na presença do seu antônimo - que para os gregos não era a mentira, mas sim a falta de coerrência - e para nós transformou-se na mentira. Observe o quão subjetivo se tornou esse substantivo. Não procuro a verdade, mas sim plausibilidade.

A vida é feita de hipóteses; a única coisa que posso dizer é que os erros - assim com todos os seres humanos eu erro, e erro feio - não foram superiores aos meus acertos. Aliás, conceitos e substantivos esses também carregados demais de subjetividade. Cada ego atrela a eles um sentido; portanto, seja misericordioso para com os que erram, pois os erros deles podem ser os acertos que os mesmos julgam estar de acordo com a sua realidade.

E mais ainda, relembrem o sentido de amar, o sentido das palavras fraternas e acalmantes, aquelas que salvam e destroem, ao mesmo tempo.

Sem mais o que dizer, mes dedos cansados vão retornar a vida comum.

M.V.B Bayer Unterreicht.

18.6.09

O baile de mascáras - Entre o ego e a sociedade

Ontem meu professor veio até mim e disse: "E então, vamos trabalhar com pesquisa?" E, naquele instante, eu me dei conta do que estava acontecendo. Minha vida, agora cada vez mais atribulada e contundente, estava entrando em um novo momento, em uma nova fase - de campos ainda poucos explorados, mas como se eu fosse nativo de onde eu estava indo me meter - em uma nova ordem para a minha própria vida. Mas essa ordem não fora dada diretamente por mim, mas pelas intenções e subjetividades alheias - seja do meu professor de Ensino Médio de História, seja pelo Professor Doutor da Universidade na qual estudo - elas foram me empurrando - assim como a minha vontade e dedicação ao trabalho de pesquisa - para isso tudo. Meus dedos quase escrevem sozinhos, num frenesi que não posso controlar. E, para variar um pouco, minha vida acadêmica vai indo de vento em poupa, enquanto o meu coração permanece inerte e inerente a tudo o que é externo. Blindado por um manto, que ouso chamar de amor, esse mesmo coração chora, mas é para si mesmo, e nunca mostra a sua verdadeira face; talvez por elementos indireitos da vida acadêmica, talvez por elementos direitos de um puro cinismo descarrado. Minhas lamúrias já são habituais desse meio em que escrevo; portanto, não se zanguem ao verem minhas lágrimas contidas em páginas, das quais a uns dias revolvo minha solidão e falta de compaixão para comigo mesmo. Mas, a pesquisa me parece maravilhosa - minha cabeça ocupada com algo produtivo, não somente com lamentações e provações da insuficiência de uma conquista; o império está decaindo - tendo em vista que devo ler, analisar, discutir, refletir, e tudo mais que envolve um processo cognitivo e de formação a um univesitário. A História - e as suas teorias, em especial - me captam cada vez mais. Já não me preocupo com cronologias e ditos "fatos históricos" - e assim, seus respectivos "personagens", protagonistas "da real história da humanidade" - mas sim com os processos envolvidos em suas percepções e análises. A analogia pode parecer enfadonha, e até mesmo discrente, insuficiente; mas não a instrumento melhor de formação indivual e progressiva para uma mente. A apreciação, ou até mesmo sua acarriação, é algo que deve ser preservado e estimulado, incentivado pelos meios acadêmicos e escolares.
Mas, minhas ideias servem para uma sociedade que presa o respeito - e não pelo colóquio da "gente" que tanto utilizam - descrita tanto em partes por Tomas Morus ou por Albert Jacquard - ambos homens de respeito, de épocas diferentes, com um pensamento muito parecido. É óbvio que viver na transparência - ou seja, expressar o verdadeiro eu e suas respectivas vontades, ações, etc - é impossível, pois os limites alheios são diferentes dos indivíduais; a vida torna-se um emaranhado de laçoes que traçamos durante seu percurso - talvez a ideia de Comte, sobre as relações da sociedade - mas não podemos viver única e exclusivamente para o outro. O ego, então, assume uma forma de expressão individual para o meio correspondente a sua realidade. E não é de hoje que o meio dita as "regras do jogo", esse baile de mascáras no qual todos nós vivemos. Mas, se o baile de mascáras se transpõem para o nosso coração e para a nossa mente, isso sim é uma problemática. Ele deve ficar nesse lindo e belo salão que é a nossa vida pública. Nunca uma festa privativa.

14.6.09

Nos teus dedos; minha vida; letras perdidas; tempo impiedoso

E se essas palavras que agora te confessam foram somente lidas em um passado remoto, que já não mais pertence ao tempo, mas sim a um futuro que só cabe na minha imaginação? E então elas terão um valor tão vil que nem mesmo eu poderia contê-las. Mas por que elas me perseguem assim, de uma forma tão sucinta e profunda?

E a paixão? Onde foram parar todas aquelas juras, todas aquelas rimas? Onde se escondem as palavras que te escrevi, as mentiras que contei?

Mas o que me pergunto, nesse momento, é somente uma coisa: Voulez-vous? Quem é você? E, mais ainda, seria uma representação real da perfeição feminina? Ora, minha cara, não pense que meus dedos servem somente para passar as páginas de um texto weberiano, onde estátisticas e teorias, utopias e frases são escritas. Ele servem para dizer o quanto minha alma sangra; e ainda mais quando vê como tu lidas com tudo isso.

Minhas letras agora, juntas, em uma redona que não pode ser destruída, resumem a vida de um pobre menino, de uma criança de olhos verdes, cabelos castanhos, que sabe o valor das palavras, tanto ditas como escritas. Entretanto, habilidoso, ele brinca com o fogo dos parágrafos, com as chamas das ilusões da escrita, que um dia representaram um amor verdadeiro. Agora, nada mais do que um joguete falso, promiscuo e renunciante das liberdades perdidas.

"I cannot tell how much I feel this pain; but you have to know it, somehow."

M.V.B Bayer Untereicht

13.6.09

Games and Feelings

Holdin' back the time
I've pass without all this pain
My insecures are so clear
Showing my face to someone
That don't know what it means

Is it so hard to understand?
Two hearts fallin' on
Is it so hard to complain?
I'm tryin' not to know it

The score is easy to see
Run by this beach and look the sea
Feelings are strangers
Love is a danger
Don't you fall another time
You're so bright

Shine a light to my heart
Show some love, where is above?

Flyin' so high
I'm a toy to these games

These game you've gave to me

12.6.09

Never Being In The Highway Of Fools

There's a highway
Called Fool's Road
Where the blue man turns up
And the black sheap boy
Turnin' right to man

At this mad and bad world
Where the fools have a place
And the right's man don't say a word
They really know what is grace

Is it a lie?
Or anything that they hide?
When will I know it?

Standin' alone, out of the game
Playin' no rules, facin' the same
Again and again, over and over
Life is here, leavin' devotion

One hand to give, another to keep
Whatever you bring to me
Whatever you say

How will I know it?
Is it true?
Or just another history that you're sayin'

Love is so hard to find
But there's a lot to hide
Another night to go
I cannot know
Never

11.6.09

Emotion Detector

Running trough these windows
I'm playin' hide and seek
But what am I looking for?
Reachin' out for something
That I don't know what means

She, can really make up my mind
He, can really turn out this side
Of my deep and weak heart

Breakin' the silence
So long I've been away
What else can I say?
I wonder if does it takes
What really matters to everyone
Takin' a ride if this love

She, can be out of this mess
He, doesn't know what it means
But I know what's going on

This part of me want to say
What's really shakin' up all around
But a part of me feel
What's inside your stone soul

Roll the dice
Emotion Detector
Roll and play again
Emotion Detector
Push the buton
Emotion Detector
Play your game
Make me die
Emotion Detector
Play and hide
Hide away

7.6.09

Um Amor Impossível - John e Edward

Outubro de 1878, Westland, Inglaterra

James corre pelas ruas pouco iluminadas da vizinhança. Os olhos sofregos não sabem o que fazer, para onde olhar. Seus passoas são vacilantes, sua mente está aterroziada. As lágrimas não caem, até ele chegar a casa de Harris. Ele bate a porta mais de uma vez. A madrugada está por todos os lados, e as lampadas de querosene não dão conta de iluminar a rua.

- James? O que aconteceu? Pelo santo Deus, o que aconteceu?
- Ah, meu amigo...

E as lágrimas escorrem, finalmente. Harris observa as roupas de dormir do amigo; acontecera alguma coisa com Linda, ele estava cada vez mais certo disso. Mas o sentimento, a dor do amigo o impede de dizer qualquer coisa. O que resta é o abraço fraterno que os dois se dão. Um abraço longo, a mão de Harris afagando o amigo. James tenta se recompor.

- Harris, ele é lindo; tem os olhos da mãe. O cabelo é loiro, de um dourado que dói aos olhos.
- James, e a Linda? Como ela está?
- Ela... Eu não sei como te dizer isso.
- Pelo amor de Deus James, o que aconteceu?
- Ela, ela não resistiu.

Nesse momento James desmaia. Seu corpo fica nas mãos de Harris, que o carrega para o sofá da sala. Ele chama Rose, sua esposa.

- Rose, chame o Dr.Clarson. Precisamos dele imediatamente.
- Harris, o que aconteceu com James?
- Linda não aguentou as dores do parto. Ele deve ter deixado tudo de lado lá. Preciso ir até lá, mas não posso deixá-lo assim aqui, neste estado. Ele precisa de um médico.
- Harris, deixa que eu fico aqui com ele. A casa do Dr.Clarson fica no caminho da casa de James. Avise a ele!

Harris sai correndo, como se a tropa de Napoleão estivesse em seu encalço. Ele desvida de alguns arbustos e logo chega a casa do médico. Bate a porta e espera, uma das mais longas que já tivera.

- Ah, Dr. Desculpe pela hora, mas é uma caso de emergência. Linda não resistiu ao parto, James está desesperado e inconsciente na sala da minha casa.
- Certo certo Harris, estou indo pra la agora.
- Eu preciso ir a casa dele, tenho que ver como está a situação lá.
- Vai rapaz, corra.

Novamente correndo, Harris quase tropeça em um poste, duas esquinas antes da casa de James. Chega ao jardim de bromélias, que neste dia estavam mais radiantes do que nunca.

- Ah, graças a Deus Harris, graças ao bom Deus você está aqui.

A mãe de Linda, Eliza, abraça Harris com uma profunda tristeza. Seus olhos já não choram mais, as lágrimas foram tantas que ela ficara somente chocada.

- Eliza, eu sinto muito. Sinto muito mesmo. E você Katharine, sua irmã era uma ótima mulher, admirável e carinhosa. Nunca existirá esposa mais dedicada do que Linda.
- Harris, ah Harris. Minha pobre irmã. Aqueles olhos azuis foram parar na face do filho. O nosso pequeno Edward.

Em meio a inúmeras pessoas que agora chegam para amparar a família e concentram-se na pequena sala, Harris olha para Edward, com uma profunda admirição. Os olhos azuis reluzentes, como estrelas no céu. E neste instante ele lembra do seu próprio filho de sua mulher, a sua família. Como eles eram importantes.

Janeiro de 1894, Londres, Inglaterra.

As carruagens tomam mais espaços nas ruas largas de Londres do que as pessoas, que concentram-se em grande número nas feiras ao ar livre. Ali pode comprar-se de tudo, de frutas a utencílios, as coisas necessárias para a subexistência no séc. XIX. As pessoas giram em torno das bancas, onde os vendedores verificam e informam preços. Edward está comprando tomates, mas a preocupação não está em comprar os melhores, mas sim no pai. A lembraça dele não sai de sua cabeça, do esforço que ele fazia para ajudar a todo custo Edward.

Edward volta para o seu novo lar, um apartamento apertado no centro de Londres. O movimento é intenso, mas fora o que conseguiram arranjar. John o espera na porta do edifício.

- Ah, que bom Edward. Hoje é o seu dia de cozinhar.
- Bom dia pra você também, Mr. Whitehouse.
- Ah, me desculpe, ainda não me acostumei com isso.
- Pois é, um pouco de civilidade não faz mal a ninguém. E eu não me esqueci que cozinho hoje. Vamos, entre, pequeno pedaço de brutamonte.
- Certo, certo.

Os dois sobem as escadas do edifício e param no segundo andar. O cheiro de comida começa a invadir as narinhas dos dois. Mas o gosto que Edward sente não é o de cozidos e saladas, mas sim o amargo da saudade, e uma parcela de fel de arrependimento. Ele teria que ensinar tudo para John; inconsequente e pouco civilizado, John causava impressões nada agradáveis para os dois. Sua forma física não era proporcional as suas boas maneiras.

- Edward, eu te amo.
- Eu também te amo John.

Os dois se abraçam ao fecharem a porta. As mãoes de John percorrem o corpo de Edward, o acarriciando. Disso Edward não podia reclamar, John era atencioso e carinhoso, sempre afagando e perguntando como ele estava.

- Você está arrependido Edward?
- Não, mas não posso negar que sinto saudades de casa. Meu pai significa muito pra mim.
- Edward, se a qualquer momento você quiser voltar, me diga, por favor. Prefiro voltar pra lá e ser obrigado a ir pra Escócia do que viver vendo você infeliz e triste.
- John, isso vai passar. É uma questão de tempo. Agora fica quieto e vem aqui.

Edward puxa John pela camisa. Os dois se beijam. John vai levando Edward para o quarto. E mais um dia se passa. Mais um dia na vida dos dois, que mal sabem o que vão fazer do amanhã. Felicidade para eles? Ou libertinagem assumida? Ah meus caros, o que é para um não é para outros. C'est lá viè. É a vida.

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