Caros Amigos...

Não sei se escrevo bem, muito menos tenho eu a pretensão de escrever. Escrevo por prazer, e gostaria que vocês lêssem pelo mesmo motivo.
Abraço forte,

Marcus Vinícius Barbosa

7.6.09

Um Amor Impossível - John e Edward

Outubro de 1878, Westland, Inglaterra

James corre pelas ruas pouco iluminadas da vizinhança. Os olhos sofregos não sabem o que fazer, para onde olhar. Seus passoas são vacilantes, sua mente está aterroziada. As lágrimas não caem, até ele chegar a casa de Harris. Ele bate a porta mais de uma vez. A madrugada está por todos os lados, e as lampadas de querosene não dão conta de iluminar a rua.

- James? O que aconteceu? Pelo santo Deus, o que aconteceu?
- Ah, meu amigo...

E as lágrimas escorrem, finalmente. Harris observa as roupas de dormir do amigo; acontecera alguma coisa com Linda, ele estava cada vez mais certo disso. Mas o sentimento, a dor do amigo o impede de dizer qualquer coisa. O que resta é o abraço fraterno que os dois se dão. Um abraço longo, a mão de Harris afagando o amigo. James tenta se recompor.

- Harris, ele é lindo; tem os olhos da mãe. O cabelo é loiro, de um dourado que dói aos olhos.
- James, e a Linda? Como ela está?
- Ela... Eu não sei como te dizer isso.
- Pelo amor de Deus James, o que aconteceu?
- Ela, ela não resistiu.

Nesse momento James desmaia. Seu corpo fica nas mãos de Harris, que o carrega para o sofá da sala. Ele chama Rose, sua esposa.

- Rose, chame o Dr.Clarson. Precisamos dele imediatamente.
- Harris, o que aconteceu com James?
- Linda não aguentou as dores do parto. Ele deve ter deixado tudo de lado lá. Preciso ir até lá, mas não posso deixá-lo assim aqui, neste estado. Ele precisa de um médico.
- Harris, deixa que eu fico aqui com ele. A casa do Dr.Clarson fica no caminho da casa de James. Avise a ele!

Harris sai correndo, como se a tropa de Napoleão estivesse em seu encalço. Ele desvida de alguns arbustos e logo chega a casa do médico. Bate a porta e espera, uma das mais longas que já tivera.

- Ah, Dr. Desculpe pela hora, mas é uma caso de emergência. Linda não resistiu ao parto, James está desesperado e inconsciente na sala da minha casa.
- Certo certo Harris, estou indo pra la agora.
- Eu preciso ir a casa dele, tenho que ver como está a situação lá.
- Vai rapaz, corra.

Novamente correndo, Harris quase tropeça em um poste, duas esquinas antes da casa de James. Chega ao jardim de bromélias, que neste dia estavam mais radiantes do que nunca.

- Ah, graças a Deus Harris, graças ao bom Deus você está aqui.

A mãe de Linda, Eliza, abraça Harris com uma profunda tristeza. Seus olhos já não choram mais, as lágrimas foram tantas que ela ficara somente chocada.

- Eliza, eu sinto muito. Sinto muito mesmo. E você Katharine, sua irmã era uma ótima mulher, admirável e carinhosa. Nunca existirá esposa mais dedicada do que Linda.
- Harris, ah Harris. Minha pobre irmã. Aqueles olhos azuis foram parar na face do filho. O nosso pequeno Edward.

Em meio a inúmeras pessoas que agora chegam para amparar a família e concentram-se na pequena sala, Harris olha para Edward, com uma profunda admirição. Os olhos azuis reluzentes, como estrelas no céu. E neste instante ele lembra do seu próprio filho de sua mulher, a sua família. Como eles eram importantes.

Janeiro de 1894, Londres, Inglaterra.

As carruagens tomam mais espaços nas ruas largas de Londres do que as pessoas, que concentram-se em grande número nas feiras ao ar livre. Ali pode comprar-se de tudo, de frutas a utencílios, as coisas necessárias para a subexistência no séc. XIX. As pessoas giram em torno das bancas, onde os vendedores verificam e informam preços. Edward está comprando tomates, mas a preocupação não está em comprar os melhores, mas sim no pai. A lembraça dele não sai de sua cabeça, do esforço que ele fazia para ajudar a todo custo Edward.

Edward volta para o seu novo lar, um apartamento apertado no centro de Londres. O movimento é intenso, mas fora o que conseguiram arranjar. John o espera na porta do edifício.

- Ah, que bom Edward. Hoje é o seu dia de cozinhar.
- Bom dia pra você também, Mr. Whitehouse.
- Ah, me desculpe, ainda não me acostumei com isso.
- Pois é, um pouco de civilidade não faz mal a ninguém. E eu não me esqueci que cozinho hoje. Vamos, entre, pequeno pedaço de brutamonte.
- Certo, certo.

Os dois sobem as escadas do edifício e param no segundo andar. O cheiro de comida começa a invadir as narinhas dos dois. Mas o gosto que Edward sente não é o de cozidos e saladas, mas sim o amargo da saudade, e uma parcela de fel de arrependimento. Ele teria que ensinar tudo para John; inconsequente e pouco civilizado, John causava impressões nada agradáveis para os dois. Sua forma física não era proporcional as suas boas maneiras.

- Edward, eu te amo.
- Eu também te amo John.

Os dois se abraçam ao fecharem a porta. As mãoes de John percorrem o corpo de Edward, o acarriciando. Disso Edward não podia reclamar, John era atencioso e carinhoso, sempre afagando e perguntando como ele estava.

- Você está arrependido Edward?
- Não, mas não posso negar que sinto saudades de casa. Meu pai significa muito pra mim.
- Edward, se a qualquer momento você quiser voltar, me diga, por favor. Prefiro voltar pra lá e ser obrigado a ir pra Escócia do que viver vendo você infeliz e triste.
- John, isso vai passar. É uma questão de tempo. Agora fica quieto e vem aqui.

Edward puxa John pela camisa. Os dois se beijam. John vai levando Edward para o quarto. E mais um dia se passa. Mais um dia na vida dos dois, que mal sabem o que vão fazer do amanhã. Felicidade para eles? Ou libertinagem assumida? Ah meus caros, o que é para um não é para outros. C'est lá viè. É a vida.

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